Nós,
Papa Xnuda III, Papa de Alexandria e Patriarca da Cátedra de São
Marcos Apóstolo da Igreja Copta Ortodoxa, Egito; Patriarca Mar
Ignatius Zakkai I, Patriarca Sirian Ortodoxo de Antioquia e de todo o
Oriente; Católicos Aram I, Católicos da Grande Casa de Cilícia
da Igreja Armênia Ortodoxa; e os membros do Comitê Permanente:
S. Emcia Metropolita Bishoy, S. Emcia Bispo Moussa, S. Emcia Metropolita
Gregorios Youhanon Ibrahim, S. Emcia Metropolita Teófilos George
Saliba, S. Emcia Bispo Sebouh Sarkissian e o Arquimandrita Nary Alemezian,
presentes conosco, damos graças a Deus por nos reunir novamente
neste V (quinto) Encontro dos Chefes das Igrejas Ortodoxas Orientais do
Oriente Médio no período de 7 a 9 de março de 2002
neste Mosteiro de Santo Efrem da Igreja Sirian Ortodoxa aqui em Ma´arrat
Sednaya, Damasco, Síria.
Desde os
primórdios do Cristianismo nossas três Igrejas partilharam
a mesma herança apostólica e a mesma fé.
Nas nossas
Declarações Gerais dos nossos quatro encontros anteriores
ocorridos no Mosteiro São Bishoy em Wadi Natrun, Egito de 10 a
11 de maio de 1998; neste Mosteiro de Santo Efrem de 13 a 14 de fevereiro
de 1999; no Catolicato Armênio de Cilícia em Antelias no
Líbano de 4 a 9 de maio de 2000 e no Mosteiro de São Marcos
no Cairo, Egito de 15 a 17 de março de 2001, nós estreitamos
nossos fortes laços de união da nossa herança espiritual
e expressamos nossa unidade na fé com base nos três Concílios
Ecumênicos de Nicéia (325AD), Constantinopla (381AD) e Èfeso
(431AD), como também, através dos ensinamentos dos Santos
Padres. Confirmamos também, a rejeição dos nossos
Santos Padres a todos os tipos de heresias no curso das nossas respectivas
histórias. Reportamo-nos às deliberações tomadas
por nossas Igrejas no contexto do nosso testemunho geral e no serviço
dos nossos fiéis no mundo e em particular no Oriente Médio
onde o testemunho cristão tem sido fervorosamente legado por nossos
padres desde a era apostólica. Devemos preservar o que herdamos
dos nossos pais, santos e mártires como um tesouro sagrado a ser
usufruído por todas as gerações.
Estudamos
os itens de interesse geral surgido desde o nosso último encontro.
Recebemos um relatório do Comitê Permanente e assim deliberamos:
I - Relações
entre as Igrejas e os Diálogos bilaterais:
A - Igrejas
Ortodoxas Orientais e Igrejas Ortodoxas Ocidentais:
1- Baseados
na proposta da Junta de Comissão do Diálogo Teológico
entre as duas famílias ortodoxas, nós encorajamos as publicações
nos idiomas locais dos estudos atinentes aos acordos Cristológicos
subscritos pelas duas famílias em 1989 no Egito, em 1990 e 1993
na Suíça. Cremos que tais publicações ajudarão
significativamente os fiéis a entender melhor os resultados e conclusões
deste diálogo objetivando a restauração da comunhão
plena entre as duas famílias.
2- Recebemos com alegria o início da colaboração
ecumênica da Igreja Russa Ortodoxa. O Comitê Coordenador reuniu-se
no período de 19 a 21 de março de 2001 e a Junta da Comissão
para as relações entre a Igreja Russa Ortodoxa e as Igrejas
Ortodoxas Orientais no Oriente Médio reuniram-se de três
a cinco de setembro de 2001 em Moscou na Rússia. O objetivo destas
reuniões era ampliar a colaboração com a Igreja da
Rússia e elucidar as dificuldades existentes no que tange ao acolhimento
do acordo das declarações Cristológicas firmadas
pelas duas famílias ortodoxas.
3- O Patriarca Mar Ignatius Zakkai I e o Católicos Aram I recebem
com alegria a visita do Papa Xnuda III a SS Bartolomeu, Patriarca Ecumênico
de Constantinopla (Istambul - Turquia) de 13 a 16 de setembro de 2001.
Este encontro proporcionou a discussão dos itens relacionados às
relações interortodoxas e a participação das
nossas Igrejas no movimento ecumênico. Os dois chefes das Igrejas
também discutiram os meios de avançar no diálogo
teológico entre as duas famílias ortodoxas, e, neste contexto,
pediram a S. Emcia o Metropolita Bishoy a continuar os contatos com as
igrejas ortodoxas como co-presidente da Comissão Teológica.
B - Diálogo
Teológico oficial entre as Igrejas Ortodoxas Orientais e as Confraternidade
Anglicana.
Recebemos
o relatório da reunião do Comitê Preparatório
para o Diálogo entre a família das Igrejas Ortodoxas Orientais
e a Confraternidade Mundial Anglicana em Midhurst, Inglaterra, ocorrida
entre 17 de julho e 1o. de agosto de 2001. Este relatório inclui
a agenda, filiações e procedimentos do plano de trabalho.
Seis representantes das Igrejas Ortodoxas Orientais participaram desta
reunião. O objetivo da mesma foi a organização do
diálogo a partir de um "fórum" até o comissionamento
em resposta á solicitação da Confraternidade Anglicana
e para se estabelecer a agenda e metodologia do trabalho futuro desta
comissão. Participamos nos trabalhos do Comitê Preparatório
com três delegados representando cada uma das nossas três
Igrejas e continuaremos nossa participação ativa neste diálogo
teológico.
C - Diálogo
Teológico oficial entre as Igrejas Ortodoxas Orientais e a Igreja
Católica Romana.
Recebemos
o convite do Vaticano para iniciar um diálogo teológico
oficial com a Igreja Católica Romana. Católicos Aram I e
S. Emcia o Cardeal Walker Kasper discutiram este projeto enfatizando a
importância do diálogo teológico bilateral entre as
Igrejas Ortodoxas Orientais e a Igreja Católica Romana. Na seqüência
das discussões a iniciativa foi analisada por S. Emcia o Metropolita
Bishoy e S. Emcia o Cardeal Kasper, este último propôs a
reunião do Comitê Preparatório no próximo outono
no Vaticano. Um convite será enviado pelo Vaticano aos Chefes das
Igrejas Ortodoxas Orientais. Com base nas respostas, o diálogo
teológico formal será iniciado com a Igreja Católica
Romana.
D - Diálogo
Teológico oficial entre as Igrejas Ortodoxas Orientais e a Aliança
Mundial das Igrejas Reformadas (WARC).
O relatório
completo da primeira fase deste diálogo já foi enviado aos
nossos Santos Sínodos e ao Comitê Executivo da Aliança
Mundial das Igrejas Reformadas (WARC) para estudo, discussão e
ação.
Consideramos os diálogos teológicos de importância
decisiva na união visível da Igreja. Papa Xnuda III e o
Patriarca Zakkai I expressaram seu grande apreço ao Católicos
Aram I que estava acompanhando as iniciativas e o progresso nesta importante
área do nosso testemunho ecumênico.
II - Cooperação
Ecumênica:
A - Concílio
Mundial das Igrejas:
1 - Recebemos
o Comunicado da última reunião da Comissão Especial
para a Participação Ortodoxa no Concílio Mundial
das Igrejas em Berekfurdo, Hungria, ocorrida de 15 a 20 de novembro de
2001. Discutimos com particular atenção o relatório
da seção do Consenso da Decisão de Fazer. O relatório
propõe formar um Comitê Paritário com metade dos seus
membros ordotoxos e a outra metade dos demais membros do Concílio
para cuidar de "interesses ortodoxos", Fomos informados que
a próxima reunião da Comissão Especial será
em Helsinque na Finlândia de 27 de maio a dois de junho de 2002
quando o relatório final da Comissão será concluído
para ser apresentado ao Comitê Central do Concílio Mundial
das Igrejas em setembro de 2002. Apoiamos a idéia do "Consenso
da Decisão de Fazer" e a idéia de estabelecer o Comitê
Paritário de forma a garantir uma participação ortodoxa
mais ativa na vida e testemunho do Concílio.
2 - Expressamos
nosso apreço para o importante papel que a Comissão de Fé
e Ordem desempenha no Concílio Mundial das Igrejas e no amplo movimento
ecumênico. Recebemos com alegria a participação dos
partícipes da Ortodoxia Oriental nas Consultas Inter-Ortodoxas
organizadas pela Fé e Ordem em Moscou, Rússia de 5 a 11
de setembro de 2001 sobre a "Confissão de Uma Fé"
- propomos a revisão do título "Professando uma Fé"
para "A Confissão da Fé Apostólica como expresso
no Credo Niceno-Constantinopolitano" (381AD) já sugerido pelo
Papa Xnuda III para a Comissão da Fé e Ordem. A Comissão
Fé e Ordem deve continuar sua tarefa vital iniciando o processo
de reflexão sobre as questões relatas à eclesiologia,
controvérsia teológica e assuntos éticos.
3 - Quanto
ao andamento das discussões no Fórum Ecumênico, onde
a nossa família é representada por S. Emcia o Metropolita
Mar Gegorios Youhanon Ibrahim, cremos que o Fórum pode promover
ampla participação de todas as Igrejas e organização
ecumênica no movimento ecumênico. Recebemos com alegria este
projeto, no entanto, necessitamos maiores esclarecimentos. Ao mesmo tempo
instamos que a participação em tal Fórum deve ser
baseada na Confissão da Divindade de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo e no Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo.
B - Concílio
das Igrejas do Oriente Médio:
1 - Recebemos
a carta do Secretário Geral, Reverendo Dr. Riad Jarjour expressando
sinceros votos de sucesso neste encontro. Apreciamos seu apoio contínuo
à nossa família de Igrejas.
2 - Incentivamos
a decisão tomada pelo Comitê Executivo do Concílio
das Igrejas do Oriente Médio na sua recente reunião no Cairo,
Egito, de 18 a 20 de fevereiro de 2002 no que tange a formação
de um comitê com mandato para lidar com o proselitismo. De fato
o proselitismo tem efeito negativo nas atividades ecumênicas da
região, portanto, instamos a todas as Igrejas e organizações
ecumênicas observarem este item com a maior responsabilidade e em
espírito ecumênico.
3 - Baseados
nas nossas discussões na mesma reunião do Comitê Executivo,
com relação ao relatório da Unidade da Fé
e da União cremos que o Concílio das Igrejas do Oriente
Médio deve realizar grande esforço para promover a discussão
e o diálogo dos itens atinentes à fé e dogma entre
os membros das Igrejas, tal colaboração, como o Papa Xnuda
III demonstrou no Comitê Executivo ajudará nossa fé
a desafiar todos os movimentos heréticos como o das Testemunhas
de Jeová, Adventistas do Sétimo Dia e Mórmons assim
como as criticas negativas à Bíblia, etc...
4 - Verificamos
estar o Concílio cumprindo importante papel na vida das Igrejas
do Oriente Médio e necessitar de mais apoio das Igrejas a fim de
reativar suas obras, implementar seus programas e alcançar seus
objetivos. Cremos que retomando o trabalho do Concílio é
de vital importância de modo a tornar o testemunho ecumênico
do Concílio mais relevante e eficaz.
5 - Com relação
ao posto de Secretário Geral cremos que nossa família das
Igrejas do Oriente Médio deve nomear um de seus membros para este
posto quando do término do mandato do atual Secretário Geral.
III - Sub-comitês:
Ouvimos os
relatórios dos sub-comitês e ordenamos o Sub-comitê
de Seminários Teológicos a persistir no estabelecimento
de um Departamento de Estudos Orientais nos nossos seminários.
Indicamos como Coordenadores e Moderadores para cada Sub-comitê:
A - Sub-comitê
para Seminários Teológicos:
Coordenador:
S. Emcia o Metropolita Bishoy
Moderador: Subdiácono Jirges Ibrahim Saleh
B - Sub-comitê
para a Juventude:
Coordenador:
Ver. Arquimandrita Nareg Alemezian
Moderador: Subdiácono Razek Suriani
C - Sub-comitê
de Publicações:
Coordenador:
S. Emcia o Metropolita Gregorios Youhanon Ibrahim
Moderador: Arquimandrita Norayr Ashekian
Decidimos
ser de grande ajuda e necessário recomendar ao Sub-comitê
de Publicações para que publique em árabe, armênio
bem como em outras línguas um livro geral abrangendo a história
das nossas três Igrejas. Esta publicação certamente
ajudará nossos fiéis a conhecer, melhorar e aprofundar seus
laços históricos e sua fé em Cristo.
Agradou-nos
o trabalho do Comitê Permanente e encorajamo-lo a continuar sua
supervisão das atividades dos sub-comitês.
IV - Relações
entre Cristãos e Muçulmanos:
Depois dos
trágicos eventos de 11 de setembro de 2001 aconteceram conferencias
internacionais, regionais e locais nas quais as Igrejas da nossa família
participaram ativamente contribuindo de modo significativo. Nós
apoiamos todas as iniciativas que buscam o diálogo e a colaboração
entre as comunidades cristãs e muçulmanas. Novamente enfatizamos
a importância da colaboração e co-existência
pacíficas entre cristãos e muçulmanas especificamente
na nossa região.
V - Justiça
e Paz:
Estamos deveras
ansiosos no que diz respeito a atual situação crítica
de todo o mundo e em especial com a nossa região. Reafirmamos nosso
compromisso de ficar no Oriente Médio, a coexistir com os nossos
vizinhos muçulmanos no espírito do amor mútuo, respeito
e confiança trabalhando juntos por justiça paz e reconciliação.
Cremos no diálogo das religiões e culturas, resistimos aos
movimentos ateus seculares e trabalhamos para a promoção
dos valores espirituais e morais.
Exortamos
a comunidade internacional, governos e aqueles que influem na sociedade
civil a trabalhar juntos para que a justiça e a paz prevaleçam
em todo o mundo; e, o terrorismo, a injustiça e a pobreza, principais
causas do sofrimento humano sejam erradicados. Comprometemo-nos a trabalhar
juntos para que a bondade, o progresso, a compreensão mútua
e o respeito tornem-se os principais objetivos em todas as sociedades.
A ocupação
contínua por Israel dos territórios árabes na faixa
oeste, Gaza, Jerusalém, Montanhas do Golan e dos sítios
de Shebaa, a contínua inobservância de Israel às leis
internacionais e as decisões da ONU (Organização
das Nações Unidas), as agressões à Mesquita
de Aksa, as tentativas de judaização de Jerusalém,
o estabelecimento de novos assentamentos coloniais, o confisco das terras,
a destruição das construções existentes, os
ataques militares contínuos ao povo palestino, a recusa em respeitar
o direito dos refugiados palestinos de retornar aos seus lares e outras
medidas violentas similares tem contribuído para o aumento da violência.
Esta situação ameaça a paz e a justiça causando
mais dor e derramamento de sangue.
Por isso
apoiamos todos os esforços e iniciativas que procuram alcançar
uma compreensiva paz permanente e justa na nossa região bem como
a criação de um estado Palestino Independente.
Exigimos
da comunidade internacional a levantar as sanções injustas
impostas ao Iraque, sanções estas causadoras de muito sofrimento
e dor ao povo iraquiano.
*
* *
Ao
final deste nosso encontro damos graças a Deus por nos guiar em
nossas deliberações e decisões. Pedimo-Lhe que nos
conceda na sua infinita graça e sabedoria capacidade no trabalho
da manutenção da fé apostólica e na unidade
da sua Santa Igreja. Oramos, também, a Deus para nos fortificar
na nossa fé e a toda a humanidade na esperança da vitória
da paz, justiça e bondade em todo o mundo.
Agradecemos
a Igreja Siríaca (Sirian) Ortodoxa de Antioquia por sua calorosa
hospitalidade e amor fraterno. Agradecemos também a todos que trabalharam,
oraram e nos assistiram buscando o sucesso deste encontro.
Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Nove
de março de 2002
Mosteiro de Santo Efrem da Igreja Siríaca Ortodoxa
Ma´arrat Sednaya, Damasco - Síria.
Papa
Xnuda III Mar Ignatius Zakkai I Católicos Arama I
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