Depois de
orar pelo bem estar de todos citamos a carta de São Paulo, Apóstolo
ao seu discípulo Timóteo: "sem controversa como é
grande o mistério da piedade divina manifesta na carne!" (I
Tim. 3:16)
Amados! Ao ponderar sobre este grande mistério, o mistério
da aparição do Senhor, Jesus Cristo, em carne, ficamos atônitos
pela atitude da Virgem Maria, como ela enfrentou o admirável milagre
da encarnação e o que aconteceu a ela, nela, com ela e à
sua frente!? Ela uma simples menina jovem que mal completara seus 14 anos
de idade!? Ela é a mãe cuidando seu divino filho, envolvendo-O
e deitando-O na manjedoura num estábulo em Belém, pois,
não havia alojamento para eles!
Surpreendemo-nos também com as palavras a ela dirigidas pelo anjo
Gabriel na Santa Concepção: "não tenhas medo,
Maria, porque você encontrou graça diante de Deus, e darás
a luz em teu ventre a um filho, e darás a Ele o nome de Jesus.
Ele será grande, e será chamado o Filho do Altíssimo."
- Ó anjo Gabriel, onde está a grandeza de Jesus? Onde está
o Seu reino? E onde está o Seu trono?
Sim, em verdade, Seu reino não é deste mundo. Mesmo que
todos os sacerdotes desta terra e todos os governantes ignorem Sua existência,
ainda assim o céu O glorificou e o anjo anunciou Seu nascimento
aos pastores. Pasmos, vemos a Virgem Maria e seu noivo não encontrando
alojamento, vão ao celeiro e lá com um burro e um touro
se abrigam para que Cristo nascesse, e, sua mãe envolvendo-o, deitou-o
na manjedoura... Graças ao Seu nascimento ali, aquela manjedoura
transformou-se num lugar sagrado e veio a ser a menina dos olhos de todos
os cristãos onde reis de toda terra vêem e tiram suas coroas
reverenciando e mais ainda adorando aquele que lá nasceu. Em verdade,
aquela manjedoura era o lugar adequado para Jesus, o Salvador descido
do céu para nos ensinar a humildade, o remédio que se tornou
a cura da doença do orgulho. Ele veio obediente até a morte;
mesmo a morte na Cruz para abolir o pecado da desobediência ao mandamento
de Deus no Paraíso; "Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3: 16).
A manjedoura é o local adequado para aquele que veio para servir
e não para ser servido, e, ofereceu-se a si mesmo como resgate
para muitos. Começou sua divina missão para alocar-se na
descida à terra numa manjedoura para que do outro lado da sua vida
carregar a Cruz da vergonha sobre seu ombro cercado de uma multidão
furiosa e repugnante; depois, foi pendurado na Cruz e em seguida colocado
num túmulo que também não era seu... Ele possuía
algo nesta terra? AquEle quando o doutor da lei perguntou-lhe dizendo:
"Mestre eu te seguirei aonde quer que vá!" Mas, Jesus
lhe respondeu "as raposas tem suas tocas e as aves do céu
têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar
a cabeça."(Mt. 8:20)
Sim, em verdade, os fiéis ficarão surpresos e frustrados
ao lerem a história do nascimento do Redentor por causa das suas
palavras simples e seu estilo, no entanto, as crianças conseguem
entende-la em detalhe e ao mesmo tempo os grandes filósofos podem
entender o seu significado e compreender os Mistérios Divinos.
Isto é o que Jesus queria dizer quando orou ao Seu Pai Celestial
com relação a sua missão terrena: "Eu vos agradeço
Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos
sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos". (Mt.
11:25)
Deus ocultou Seus Mistérios daqueles que se consideravam sábios
para envergonhar a sabedoria do mundo. Ele não tinha lugar no meio
deles nem nasceu da filha de pais ricos, filósofos ou cientistas,
mas, nasceu de uma menina pobre e órfã a Virgem Maria. Entretanto
ela era descendente de reis, sacerdotes e profetas! Ele não foi
envolvido em berço de ouro ou marfim, nem seu corpo envolvido em
suave seda, ao contrário foi envolto em algodão e colocado
numa manjedoura no estábulo em Belém a pequenina vila para
que quem o procurasse encontrá-lo-ia.
Esta é praticamente a sua mensagem celestial, que aprendamos dEle
candura e humildade para que possamos sair do peso da arrogância,
preconceito e orgulho contidos em nosso intimo, pois, assim alcançaremos
a paz com Deus, conosco mesmo e com todos.
Em verdade a mensagem natalina é de amor e humildade. Vê-mo-la
hoje em milhões de crianças sem lar, passando fome com seus
pais enquanto nós nos regozijamos nas muitas luxúrias da
vida. Cada necessitado, pobre, órfão ou viúva sem
arrimo é o irmão ou irmã caçula de Cristo
representado pelo pobrezinho menino Jesus de Belém!
Então nós que estamos atados aos mandamentos de Jesus que
julgará os humanos no grande dia da verdade, no juízo final,
vivamos de acordo com seus feitos misericordiosos e a fé nEle.
Nós que queremos nos perfilar à sua direita com aqueles
que com sua voz doce dirá: "Venham vocês que são
abençoados do meu Pai, recebam como herança o Reino que
meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo, pois Eu
estava com fome e vocês me alimentaram, estava com sede e deste
de beber, Eu era estrangeiro, e me receberam em suas casas; Eu estava
sem roupa e me vestiram; estava doente e cuidaram de mim; estava na prisão
e vocês foram me visitar... Eu garanto a vocês todas as vezes
que fizeram isso a um dos menores de meus irmãos foi a mim que
o fizeram". (Mt. 25: 34-40)
Meus irmãos, nestes dias em que celebramos o nascimento carnal
do Senhor Jesus, preparamos acaso um lugar para o Seu nascimento em nossos
corações? Contamos a nossos filhos a história do
Seu milagroso nascimento? Falamos da Sua Mãe Maria a pobre órfã
e virtuosa Santa? Nós sentimos realmente que Cristo está
presente entre nós quando celebramos nossos rituais religiosos
participando conosco nas alegrias desta festividade? Ou somos estranhos
a Ele como Ele também está longe de nós?
Ele foi chamado de Emanuel que quer dizer: "Deus está conosco"
(Mt 1:21). Nós o aceitamos como nosso Salvador e acreditamos no
mistério da sua encarnação e redenção?
Ou só estamos realizando nossos rituais festivos como uma rotina
obrigatória que tem a aparência divina, mas perdeu seu poder
porque nossa espiritualidade tornou-se mero costume social desvinculado
do espírito?
"Vamos preparar um lugar para Cristo em nossos corações
e almas para que vivamos não nós, mas Ele em nós"
(Gal. 2:20)
Amados! Não podemos nos desviar dos eventos sangrentos e dolorosos
que ocorrem na Síria, Líbano e Palestina; o que a humanidade
vem enfrentando em todo o mundo: injustiça, desvios, perseguições,
fome, depressão, tristeza e doenças, tudo isto se deve a
guerras espirituais lançadas pelo inimigo de Deus contra Deus e
seus fiéis. Mas, o Senhor Jesus ensinou-nos através da Sua
encarnação que Ele veio para toda a raça humana e
em especial os cansados e de fardos pesados, como se Ele um pequenino
bebe deitado na manjedoura estendendo seus braçinhos convidando
as pessoas assim como Ele as convidou depois: "Vinde a mim todos
vocês que estão cansados de carregar o peso de seu fardo,
e eu lhes darei descanso. Carreguem a minha carga e aprendam comigo, porque
sou manso e humilde de coração e vocês encontrarão
descanso para suas almas. Porque a minha carga é suave e o meu
fardo é leve". (Mt. 11: 28-30)
Mesmo que não saibamos que surpresas os dias e as noites futuras
nos guardam, boas ou más (Deus não permita!), mas nós
sabemos uma única coisa: que Deus Todo Poderoso controla os eventos
deste mundo. Por isso estamos confiantes porque temos o "Emanuel"
que é o nosso Deus, nosso companheiro nesta jornada da vida. Ele
é o caminho no qual seguimos, e Ele é a vida que nós
vivemos, e, Ele é a verdade à qual nos apegamos carinhosamente,
pois, Ele disse de si mesmo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".
(Jo. 14: 6)
Firmes na fé repitamos com o Santo Apóstolo Paulo: "Se
Deus é conosco, quem será contra nós? Ele não
poupou seu próprio Filho mas o entregou por todos nós. Como
não nos dará também todas as coisas junto com o seu
Filho?... A tribulação, a angustia, a perseguição,
a fome, a nudez, o perigo, a espada? Como está escrito, por Tua
causa somos postos a morte o dia todo, somos considerados como ovelhas
destinadas ao matadouro. Mas, em todas essas coisas somos mais do que
vencedores por meio daquEle que nos amou. Estou convencido de que nem
a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem
o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades,
nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de
Deus manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor!" (Rom. 8: 31-38)
O Senhor aceite seu jejum e suas orações!
Que a festa da Sua natividade seja um meio para abençoá-los
e a Sua benevolência envolva toda a humanidade. Isto é o
que tínhamos a dizer.
Que a Sua Graça esteja com todos vocês e... Pai nosso...
Emitido em nossa Sede Patriarcal, Damasco, Síria, 11 de dezembro
de 2011, 31º. Ano do nosso patriarcado.
(selo e assinatura patriarcal)
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