Alguns
já vieram com ordenação diaconal do Oriente e foram
elevados de categoria e outros foram ordenados pela primeira vez.
Entre
estes podemos citar o Dr. Sabri Arslan e seus irmãos Kerim, Tuma,
Birhan, Hanna Stiphan Jabra e seus irmãos Salim, Daoud, Jorge,
Issa Hanna Chammas, Nakle Issa Kouri e seu irmão Elias, , Peter
I. G. Sowmy e seus irmãos e muitos outros...
Participaram
da cerimônia de ordenação dos novos diáconos
o Reverendo Cura-episcopo recém elevado a esta categoria sacerdotal
o Pe. Musa Tuma Hakim de saudosa memória e então Representante
Patriarcal no Brasil e o atual Patriarca SS Mar Ignatius Zakai I, Iwas,
à época secretário geral do patriarcado.
Alem
desta primeira ordenação tivemos no Brasil mais seis cerimônias
de ordenação diaconal na Igreja Sirian Ortodoxa de São
João e outras duas na Igreja Sirian Ortodoxa Santa Maria. As ordenações
foram ministradas da seguinte forma:
1958
- SS o Patriarca Mar Ignatius Yacoub III - ordenações até
o nível efediacone
1968 - SS o Patriarca Mar Ignatius Yacoub III - ordenações
até o nível efediacone
1978 - S. Emcia Mar Severius Jamil Hanna Hawa - ordenações
até o nível efediacone.
1978 - S. Emcia Mar Severius Jamil Hanna Hawa - ordenação
de diáconos evangelistas.
1981 - SS o Patriarca Mar Ignatius Zakai I, Iwas - ordenações
até o nível efediacone.
1985 - S. Emcia Mar Crisostomos Musa Salama - ordenação
de diácono evangelista.
1992 - SS o Patriarca Mar Ignatius Zakai I, Iwas - ordenações
até o nível efediacone.
No
global aproximadamente 90 leigos no Brasil dedicaram-se ou ainda se dedicam
ao diaconato nas nossas Igrejas de São Paulo, Campo Grande e Belo
Horizonte.
Ainda
na última ordenação havida em 1992, SS o Patriarca
Mar Ignatius Zakai I, Iwas ordenou algo como 20 diaconisas cantoras na
Igreja Sirian Ortodoxa Santa Maria para as duas Igrejas de São
Paulo.
Em
nosso trabalho de tradução para a língua portuguesa
de uma das Liturgias da nossa Igreja (inédito), registramos os
nomes por famílias dos diáconos que serviram ou servem nossas
Igrejas no Brasil.
Expoente
máximo do diaconato no Brasil e quiçá do século
XX foi o professor - malfono - Ibrahim Gabriel Sowmy que lutou de forma
incansável pela estruturação do diaconato no Brasil.
Ensinou, pelo menos duas gerações seguidas e seus frutos
ainda estão à nossa vista como os diáconos Tony Shammo
ou Ricardo e Jorge Suleiman.
Na
grande obra do diácono Ibrahim G. Sowmy podemos citar com toda
ênfase o registro de três volumes - dois já editados
e um inédito - de hinos e cerimônias da nossa Igreja registrados
em nota musical ocidental, trabalho este realizado com seu filho Bassim
Sowmy perpetuando desta forma a melodia e o ritmo do canto dos hinos religiosos.
Mas,
o que quer dizer o diaconato na nossa Igreja ou na Igreja Cristã?
Como entendê-lo e como ver o seu desenvolvimento na história?
Em
verdade o diaconato começa ainda no tempo dos apóstolos
logo depois do Pentecostes, quando os apóstolos assumem o sacerdócio
pleno e vêem que não mais dispõe de tempo para cuidar
da mesa dos órfãos, viúvas e desamparados; então
escolhem alguns homens de bem e designam-nos para cuidar destes afazeres.
Escolheram então sete homens que temos como os sete primeiros diáconos
da Igreja, quais sejam Estevão, Felipe, Prócoro, Nicanor,
Timão, Parmenas, Nicolau prosélito de Antioquia. (Atos 6).
Essencialmente
o diácono crê que a força da oração
tem o poder de operar a conversão do ser humano... (Informativo
SURYOYE 8 de março de 1997 publicação da Igreja Sirian
Ortodoxa Santa Maria - SP), e, mais ainda, crê o diácono
que crer.. não nos tira liberdade mas acrescenta virtude...
(Informativo SURYOYE 9 de abril de 1997 publicação da
ISO. Sta Maria - SP).
Os
diáconos, celibatários ou não, são a fonte
inicial e natural das ordenações dos padres e são
escolhidos entre o povo.
O diaconato na Igreja Siríaca tem como patrono Santo Estevão,
diácono, e, primeiro mártir cristão; o diaconato
está dividido em cinco categorias quais sejam; cantores (mzamrone),
leitores (koruie), guardiões (efediacone), evangelistas (ewengueloie)
e arquidiáconos (arkidiakone).
Todos os diáconos como os sacerdotes devem usar a alva (túnica
branca), as categorias dos leitores, guardiões e evangelistas usam
alem da alva, a dalmática (faixa) que indica a sua categoria, já
os arquidiáconos paramentam-se como os sacerdotes orientais, mas
não usam o casulo (capa sacerdotal).
Só ao Patriarca, o Maferiono (Católicos) e os bispos têm
o direito de ordenar diáconos até o nível dos guardiões,
para as chamadas categorias maiores deve-se ter sempre a aprovação
Patriarcal.
Entre os diáconos em evidência com conhecimento profundo
das regras e rituais da Igreja escolhem-se os chefes dos grupos diaconais
ou "rish gudo", isto porque na nossa Igreja as orações
são cantadas e os diáconos formam dois grupos na frente
do altar "gude" a exemplo da visão de Santo Ignatius
de Antioquia, o Iluminado, e, por organização de Santo Efrem,
o Siríaco; conseqüentemente para liderar os grupos, escolhem-se
justamente tais diáconos que vão não só liderar,
mas ensinar os novos diáconos.
Existem, também na nossa Igreja a categoria das diaconisas, ressalte-se
com uma categoria única, portando as vestimentas idênticas
aos dos diáconos guardiões. Na antiguidade eram responsáveis
como os diáconos desta categoria pela manutenção,
guarda, e administração das Igrejas e das entidades caritativas
da Igreja.
Hoje o diaconato na nossa Igreja está restrito exclusivamente ao
serviço do altar e ao canto, orações, ensino e em
alguns lugares envolvido em atos educacionais e trabalhos caritativos.
Todos os diáconos e diaconisas têm a obrigação
de servir a Igreja e o Altar num trabalho voluntário e isento de
qualquer remuneração, pelo contrário, o diácono
deve ajudar quando necessário para a manutenção da
Igreja e demais cargos sacerdotais. (Sirianismo X Judaísmo
-Ciclo de Palestras de Ibrahim G. Sowmy no Seminário Pio XI da
Igreja Católica Apostólica Romana com publicação
no informativo SURYOYE 9 de Abril de 1997 da ISO. Sta Maria - SP).
O
diácono é Ministro Sagrado no Novo Testamento, Esta ordem
sacra foi instituída para auxiliar a administração
da Igreja. A palavra MXAMXONO em aramaico significa servidor ou servo,(nosso
grifo e complemento) assim como diácono em grego tem o mesmo
significado, e a palavra é usada às vezes neste sentido,
no Novo Testamento. Contudo sabemos que os diáconos não
eram meros serventes de mesa, uma vez que os apóstolos foram tão
cuidadosos ao fazê-los escolher pelo povo e os ordenaram impondo
as mãos solenemente. São Paulo em sua carta a Timóteo
estabelece alevantado padrão espiritual de vida para os diáconos.
(Tim. 3, 8-10). A função do diácono era tripla
(na Igreja Primitiva): o serviço da mesa (Atos 6, 2), a
pregação (Atos 7, 2-53), e, a administração
do batismo (Atos 8, 38). Pelos Padres Apostólicos sabemos
que os diáconos constituíam uma ordem apostólica
e ocupavam o terceiro lugar na hierarquia eclesiástica, logo após
o bispo e o presbítero. O diácono assiste ao sacerdote ou
ao bispo pregando, batizando e distribuindo a Comunhão. (Dicionário
Prático Bíblico pg 78).
Essencialmente
na nossa Igreja Sirian ou Siríaca Ortodoxa reservou-se só
aos diáconos evangelistas e arquidiáconos o ministério
do batismo ao fiel só em casos de extrema necessidade, e, atualmente
os diáconos não mais distribuem a Comunhão.
Na
simbologia da nossa Igreja os diáconos durante a Santa Missa representam
os anjos em volta do trono celestial enquanto o sacerdote é o Cristo
celebrando a Santa Missa, com poder para transformar o Pão e o
Vinho no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; no entanto, quando
o sacerdote se vira para o povo e distribui os Santos Elementos torna-se
apóstolo da Boa Nova, o Mensageiro e supridor do Meio da Salvação.
O
diácono por sua vez portador do turíbulo desempenha importante
papel em qualquer celebração ou ministério de sacramento.
Podemos citar, por exemplo, o fato de o turíbulo quando trazido
ao altar pelo diácono, representar São João Batista
o predecessor de Nosso Senhor Jesus Cristo preparando o povo para a vinda
do Messias, ou quando desce o diácono com o turíbulo entre
o povo representa, o turíbulo, a vinda de Cristo, o Verbo Encarnado,
para este mundo e trazendo a toda a humanidade o infinito amor de Deus
Pai, oferecendo a Si, Cristo, como sacrifício por todos nós
e retornando ao Pai reconciliando o céu e a terra.
Quando
olhamos a história da nossa Igreja Sirian ou Siríaca Ortodoxa
de Antioquia não podemos deixar de citar o grande diácono
e monge Santo Efrem (ou Afrem) o Siríaco que nunca aceitou receber
o sacerdócio pleno. Definido como o pai fundador da literatura
siríaca, foi, também o precursor do misticismo medieval...
Moldou a veneração pública da Igreja Oriental. Seus
hinos foram especialmente influentes e acompanhavam os fiéis por
todas suas vidas cristãs. (John Gwynn, Ëphraim The Syrian
- Nicene and Post-Nicene Fathers, 13:120-52 in Veronica and her cloth
by Ewa Kurlik).
Efetivamente,
Santo Efrem foi exemplo máximo do diaconato celibatário
que constituído em simples monge ascético foi prolífero
nos trabalhos literários de poesia, filosofia, teologia e até
mesmo re-escrevendo a historia de José no Egito de forma teatral.
O que, no entanto, poucos sabem, é que quando à beira da
morte como último desejo deste anacoreta em seu Testamento, 135
- registrou:
Àquele
que me puser um pálio, que saia para a escuridão externa!
E aquele que me deitar com uma mortalha, que seja arremessado na Geheena
do inferno!
Que ele me enterre com minha capa e meu capuz, pois o ornamento não
identifica o malfeitor!
Por
que será que à última hora ele não aceitou
ser enterrado com o símbolo do sacerdócio, ou seja, o pálio?
É
simples, em toda a sua vida buscou manter sua imagem de asceta e anacoreta
que viveu para exaltar o Altíssimo e sua produção
sempre foi voltada para o ensino dos leigos orientando-os na vida espiritual
e defendendo-os das heresias.
Ele
foi o autor do melhor exemplo de simbolismo da Concepção
Milagrosa de Maria, quando disse que assim como o sol penetra a uva e
torna-a doce, assim também o Espírito Santo milagrosamente
desceu para o útero de Maria fazendo-a conceber o Verbo Encarnado.
(hino sobre a natividade).
Caros
amigos: repetimos nossa fala alertando a todos os diáconos e diaconisas
para a necessidade do aprendizado e da transmissão dos valores
espirituais...orar e perseverar, dando exemplo à coletvidade...
Um
passado glorioso não nos garante um futuro grandioso, é
preciso persistir no constante aprender e ensinar das novas gerações
- não o aprender técnico-científico, mas o aprender
e ensinar do caminho da verdade e do espírito
Em toda a humanidade só um homem disse:
"Eu sou o Caminho, a Luz e a Verdade" - foi Nosso Senhor Jesus
Cristo que além de homem acreditamos ser o Filho de Deus
Às suas palavras acrescentemos
"Viver é caminhar" - mas - caminhemos no rumo certo,
no rumo da luz e da verdade.
Se não honrarmos nossos antepassados, não estaremos honrando
nossos pais, que tentaram caminhar na Verdade e na Luz - ao contrário
estaremos em trevas - mas nós estamos cansados de trabalhar, cansados
de obrar na ceara dos homens, precisamos descansar, e esquecemos de honrar
nossos pais, nossas tradições nossa cultura, enquanto a
Verdade está ao nosso alcance, depende exclusivamente de nós,
só é preciso ter vontade
, esquecemos que a preguiça
é a sepultura dos vivos
Nossa tradição, nossos costumes, nossa religião,
nossa fé estão a míngua e só depende da nossa
vontade fazê-los reviver! (SURYOYE 11 - Jul/Ago/Set 1997 - Publ
da ISO. Sta. Maria - SP).
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Aniss
Ibrahim Sowmy
Diácono Evangelista
10 de agosto de 2008
Jubileu de ouro das ordenações diaconais no Brasil.
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