Igreja
Sirian Ortodoxa Santa Maria
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Pedro, o maior dos apóstolos, recebeu a incumbência única de liderar a Igreja, tornando-se todo sacerdote a partir dele um verdadeiro representante de Jesus Cristo dentro da Igreja. Por que Cristo escolheu um líder para os apóstolos? |
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Simplesmente porque Nosso Senhor Jesus Cristo conhecedor da mesquinha natureza humana, buscou edificar uma estrutura organizacional para a Igreja ainda em vida, desta forma ensinou os apóstolos e com eles mantinha reuniões longe do povo para instruí-los e orientá-los, preparando-os deliberadamente para a administração do seu rebanho após a sua partida. Cristo ainda em vida já possuía o grupo dos apóstolos maiores e os menores, as mulheres pias, as crianças ou famílias do grupo social, e, em verdade a Igreja Siríaca Ortodoxa procura preservar esta simplicidade organizacional na sua estrutura administrativa. Desta forma, o apostolado passou de Pedro para Evódio e deste para Ignatius o Iluminado e assim sucessivamente de patriarca para patriarca e dos patriarcas para os bispos e destes para os sacerdotes e diáconos. O sacerdócio está concentrado nas mãos dos apóstolos e eles escolhem seus sucessores designando-os explicitamente para cuidar dos seguidores da nova seita. Apesar do nível de igualdade nos deveres sacerdotais, por razões de funcionamento é preciso ter a estrutura enxuta e funcional. O sacerdócio bem como o diaconato está dividido em cinco categorias na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia. E normalmente o sacerdote deve ser monge ou ter tido uma fase monacal ou ser seminarista. Modernamente unem-se as duas coisas, ou seja o seminarista leva uma vida monacal para depois almejar o sacerdócio. Discorreremos inicialmente sobre o diaconato e em seguida sobre as categorias sacerdotais: A primeira coisa a ter em mente com relação ao diaconato é que assim como o sacerdócio, o diaconato é uma instituição de ordenação sagrada pela imposição das mãos de um Bispo ou Patriarca da Igreja, constituindo-se no primeiro degrau da escala sacerdotal na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia. As cinco categorias do diaconato distinguem-se pelo uso das faixas (dalmáticas - HORURE), todos os diáconos usam uma túnica branca (alva) símbolo de pureza, pois, nos rituais que participam representam os anjos do reino celestial, uma vez que o altar da Igreja é o local sagrado onde se encontra presente o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, desta forma os diáconos equivalem aos Anjos na Igreja Terrena glorificando o Deus Criador. O diácono não é um ministro e sim um auxiliar do ministro na Igreja, sua função é voluntária e não deve nunca receber paga pelo que faz. Não deve ser confundido com o sacristão que é um funcionário pago da Igreja. O diácono é chamado de Mxamxono em siríaco, e quer dizer "aquele que serve". No linguajar popular chamam-no de Xamoxo e tem o mesmo significado. Numa escala ascendente, ou seja da menor ordenação para a maior os diáconos podem ser: 1o. - Mzamrone (cantores) - é o grau mais simples do diaconato. Só usam a túnica branca e no início da Igreja eram os cantores do coral da Igreja. 2o. - Koruie (leitores) - alem da alva usam a faixa em desenho de cruz na frente e nas costas como asas de anjos e sua função está definida no próprio nome, limitavam-se às leituras das cartas orientadoras dos apóstolos e do velho testamento. 3o. - Afediacone (guardiões) - é a categoria essencial do diaconato, tem a função de guardiões da Igreja contra invasões, busca manter a ordem entre os leigos, os neófitos, vestem-se com a alva e a dalmática iniciando-se por sobre o ombro esquerdo dá a volta por trás e torna a lançá-la por sobre o ombro esquerdo dando a conotação da espada do guardião. O afediacono tinha a obrigação de auxiliar na mesa servindo os necessitados, órfãos, amparando viúvas e doentes, participar ativamente das obras pias, etc. 4o. - Euengueloie (evangelistas) - tem a função de ler o Evangelho, explicando e ensinando o conteúdo do Livro Sacro. Sua obrigação básica é a evangelização e o trabalho missionário. Deve o diácono evangelista, se convocado, acompanhar o sacerdote quando este leva a comunhão a um doente ou moribundo; sobre suas mãos o sacerdote pode depositar a comunhão, deve ser cônscio das suas funções, humilde e atencioso, pois, quando o sacerdote levava antigamente a comunhão ao doente ou moribundo, isto é, fora do recinto da Igreja e no trajeto não podia falar com ninguém. O diácono desta categoria, veste por sobre a alva a faixa caída por sobre o ombro esquerdo para frente e para trás; a disposição da faixa dá a idéia de coluna. 5o. - Arquidiacon (arquidiácono) - é o líder dos diáconos na Igreja, merece respeito e normalmente deve ser uma pessoa profundamente culta, ponderada, paciente e principalmente humilde. Ensina os diáconos mais novos, divide e coordena distribuindo as funções ou atividades entre os diáconos. Veste-se com a alva e usa todos os paramentos sacerdotais isto é a estola, o cinturão e os manípulos, menos a grande capa sacerdotal (casulo), exclusiva do sacerdócio, se fez voto de celibato e recebeu o pálio menor deve usá-lo. A cerimônia de ordenação dos dois níveis mais altos do diaconato ou seja para as categorias de evangelista e arquidiácono é a mesma dos sacerdotes, mas os diáconos não têm o direito pleno do sacerdote para ministrar sacramentos. O povo nunca deve pedir benção a um diácono, nem beijar-lhe a mão, mesmo por respeito à sua idade avançada, pois, este não tem as mãos sagradas como os sacerdotes, e, os diáconos nunca devem receber qualquer tipo de óbolo ou ajuda, pois seu trabalho é puramente voluntário. Os diáconos na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia podem ser monges, ou escolhidos entre os leigos celibatários ou não. As ordenações podem eventualmente acumular numa única cerimônia a passagem por exemplo de um diácono de um grau mais baixo para dois mais altos, mas obrigatoriamente o prelado que o ordena faz na cerimônia a passagem obrigatória pelas categorias envolvidas. Desta forma, às vezes assistimos a ordenação do leigo diretamente para a categoria dos leitores por exemplo e não notamos que ele na realidade passou na mesma cerimônia pela categoria dos cantores. Nas ordenações, a partir do diácono evangelista, uma vez viúvo não poderá casar uma segunda vez, e se isto ocorrer fica proibido de subir no Altar; incluem-se neste caso os divorciados ou desquitados. As exceções só são autorizadas pelo próprio Patriarca. Dos sete varões citados no sexto capítulo dos Atos dos Apóstolos, Estevão, Felipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau; Estevão destacou-se nas suas pregações e trabalho comunitário, preso, julgado e condenado pelos judeus morreu apedrejado, tornando-se o primeiro mártir do Cristianismo. Estevão tornou-se desta forma o primeiro diácono mártir da Igreja e é comemorado na Igreja Siríaca de Antioquia no dia oito de janeiro quando na Santa Missa, o sacerdote celebrante, durante a leitura do Evangelho tira a sua capa sacerdotal (casulo) e chama os diáconos um a um para ler cada qual um trecho do Evangelho (Liturgia da Palavra), quando o diácono se perfila diante do púlpito para ler, o sacerdote lança-lhe às costas sua capa indicando a importância do diaconato na base do sacerdócio alertando o povo da importância do trabalho do diácono na edificação da Igreja de Cristo. Os diáconos passaram a cuidar dos fiéis e das obras caritativas até que no primeiro século do Cristianismo, por volta de 80 a 100 depois de Cristo, o Patriarca Santo Ignatius de Antioquia, o Iluminado, sucessor de São Pedro na Cátedra de Antioquia teve uma visão do Trono de Deus onde viu os anjos divididos em dois grupos à direita e a esquerda do Criador. Passou então a dividir os diáconos em dois grupos no altar, pois em verdade, o altar, também, é o Trono de Deus sobre o qual assentamos como já dissemos o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e cremos portanto, que a Santíssima Trindade está presente. Os diáconos já participavam das missas como podemos observar nas diversas liturgias já existentes. Portavam velas, utilizavam instrumentos musicais, cantavam hinos de louvor além das atividades básicas já citadas. Santo Afrem, o Siríaco, diácono e monge, organizou o canto na igreja contribuindo muito para o enriquecimento dos cerimoniais. Em sua organização determinou o canto alternado no altar durante as orações com dois grupos de diáconos chamados de "gude" (grupos) e oficializou o diaconato para as meninas e mulheres. As mulheres, desde os primórdios do Cristianismo tiveram parte ativa na organização da Igreja; bastaria citar os exemplos de Maria de Magdala (Madalena), as irmãs de Lázaro, Maria e Marta, as mulheres da família de Pedro, sua esposa e sua sogra, e acima de todas a Beatíssima e Sempieterna Virgem Maria, a Santíssima Mãe de Deus. Santo Afrem, estudioso, literato, professor na escola de Nsibin e reitor da Universidade de Edessa, organizou os trabalhos das mulheres na igreja, como diaconisas e legou-lhes o trabalho de cuidado dos paramentos do altar, da participação nos cantos religiosos e nas atividades caritativo-sociais. Segundo nosso atual Patriarca SS Mar Ignatius Zakai I quando da sua visita ao Brasil em 1987, questionado sobre as vestes e direitos das diaconisas na nossa Igreja, afirmou que em suas pesquisas e estudos históricos verificou que a Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia nos primórdios do Cristianismo e isto já por volta de 400 a 600 AD, vestiam as diaconisas longas túnicas brancas, mais largas que as dos diáconos e usavam faixas ao estilo dos "afediacone" ou seja equiparando-se a terceira categoria hierárquica dos diáconos, e, eram constantes as referências a seus trabalhos nas Igrejas, Mosteiros ou Conventos, escolas, etc ... Há que se considerar que não devemos confundir as diaconisas que podem ser leigas trabalhando na Igreja com as monjas ou freiras que já existiam na Igreja como tal, e, deve-se lembrar que apesar da ordenação diaconal ou monacal auferida às mulheres é vedada a sua entrada no altar, mas tem acesso ao local destinado aos diáconos cantores (gude). Modernamente os diáconos continuam usando seus paramentos, mas as diaconisas no máximo tem usado capas ou túnicas nos cerimoniais. Em muitos lugares do mundo a Igreja ainda se utiliza dos trabalhos do diaconato para ajudar o sacerdote a pregar, ensinar, orientar os membros da comunidade. Na Terra Santa e em Tur Abdin, até hoje os diáconos em algumas Igrejas usam túnicas coloridas com o intuito de dar maior colorido e alegria nos cerimoniais. Toda dalmática (Huroro) deve ter no lado interno um revestimento de cor preta com cruzes para ser usado exclusivamente na Semana Santa e nas exéquias patriarcais em sinal de luto. Convém lembrar que a Igreja não usa luto para a partida de nenhum fiel desta vida terrena, exceção feita ao Patriarca. O diácono incensador, ou que faz uso do turíbulo é comparado ao arcanjo Gabriel na sua proximidade com Cristo, ou no caso do sacerdote que faz o papel do Cristo partindo o pão e molhando-o no vinho para distribuir à congregação. Este diácono perfila-se atrás do sacerdote, porta o turíbulo sempre na mão direta e o vaso do incenso, chamado de "yauno" (pomba) na mão esquerda à altura da cintura. O incensador deve incensar sempre com as correntes do turíbulo totalmente esticadas e tremendo a mão direita fazendo propositadamente um barulho de sinos com os doze guizos presos às quatro correntes chamando a atenção dos fiéis presentes para as ocorrências santas ou santificantes das missas e rituais. O diácono portador do turíbulo apresenta em locais pré-determinados ao sacerdote oficiante o incenso para depositá-lo no turíbulo e só ao sacerdote compete lançar incenso no turíbulo. Quando o diácono incensador passa entre o povo ou incensa o altar está na realidade purificando o ambiente eliminando os pensamentos pecaminosos dos fiéis ou de todos os presentes. Durante a Santa Missa, o diácono incensador quando não está portando o turíbulo deve ficar do lado esquerdo do celebrante ou o norte do Altar para servir o sacerdote se necessário. Falas e cantos especiais são destinados ao diácono incensador em todas as cerimônias e sua presença é necessária em todos os cerimoniais da Igreja. Segundo a tradição, mas não é obrigatório,
quando um padre celebra a Santa Missa o diácono incensador tem
de ser no mínimo da categoria dos leitores, quando um bispo celebra
deve ser um afediacono e no caso do patriarca deve ser no mínimo
um evangelista. Dois diáconos devem segurar os castiçais móveis junto do altar durante as missas e em todas as leituras de Evangelhos, indicam como anjos o Caminho da Luz. As velas tanto dos diáconos como do altar devem ser de cera pura de abelhas. Atrás ou ao lado destes diáconos perfilam-se os diáconos que portam os símbalos surdos ou chocalhos que simbolizam os serafins e querubins voando em torno do Trono de Deus, seus portadores fazem usos destes instrumentos durante os momentos máximos da Santa Missa indicando a invocação pelo sacerdote do Espírito Santo ou o momento do milagre da transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Além destes instrumentos, isto é os guizos do turíbulo ou os símbalos surdos, os diáconos e diaconisas podem fazer uso de outros como nas igrejas antigamente, usando símbalos, flautas, cítaras, alaúdes, harpas e nos nossos dias instrumentos mais modernos como o órgão ou teclado, violinos, violão ou guitarras, etc. A Igreja sempre incentivou o uso dos instrumentos de forma sacra, o desuso deveu-se às constantes perseguições e massacres que dizimaram o povo no Oriente. Duas palavra designam o sacerdote na nossa Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia: CAXIXO: para padre significando ancião, e COHNO: para padre no sentido de maduro, douto ou sábio. Para entender corretamente o conceito destas duas palavras que definem a base do sacerdócio na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia trazemos o canto muito entoado nas Igrejas e que por si só é explicativo: Monarquia e Sacerdócio são duas fontes O diaconato como vimos é o primeiro grau do sacerdócio, no entanto os monges e as freiras são uma categoria a parte podendo ser ou não diáconos ou diaconisas. Dentre os diáconos e monges escolhem-se os sacerdotes ou padres. Nada é mais importante na vida do sacerdote do que conhecer Nosso Senhor Jesus Cristo e sua mensagem. Transmitir esta mensagem em linguagem acessível a todos é fundamental, e é isto o que a verdadeira Igreja busca. Não com sensacionalismo ou manchetes mas sim atingindo o coração do pecador e do dúbio. É aprendendo no dia a dia das suas orações que o sacerdote descobrirá a misericórdia e a justiça do Criador. No desapego das coisas materiais, voltando-se às criancinhas, aprendendo e preservando a pureza destes pequeninos; aproveitando o vigor dos jovens para incitá-los a pensar e raciocinar de forma lógica, prudente e temente a Deus; no agrado aos mais velhos dando-lhes a necessária coragem e esperança na vida futura, enfim adaptar-se com candura à inteligência de cada um, ensinando e estabelecendo sempre de acordo com o Evangelho, mostrando mais por seus atos do que por palavras; que tenha a severidade do mestre e a ternura do pai, que nunca trate com negligência a salvação das almas, que saiba sempre que foi escolhido para servir e não para dominar ou ser servido e que consiga sempre ser amado e não ser temido; este é o verdadeiro sacerdote exemplar que no íntimo da sua cela ou do seu quarto ou mesmo no confessionário sempre se lembrará que nenhum poder teria se não tivesse atendido ao chamado do Salvador, e que só será completa sua oração se lembrar-se que ora por si e pela sua comunidade, pelos seus erros e pecados e pelos da sua comunidade, firmando-se desta forma na sua fé com dignidade e desapego ao meio material. O sacerdote deve levar vida humilde, de sacrifício e de contínuo estudo, orando pelos inimigos e consciente sempre que como Cristo, "Não veio para fazer sua vontade mas a vontade d'Aquele que o enviou" (Jo. 6,38), só então atingirá a perfeição no sacerdócio e verá a glória da perfeição do amor total de Cristo pela humanidade. É altamente significativo o canto final nas ordenações diaconais e sacerdotais quando da entrega das faixas ou paramentos que traduzimos abaixo: Canto do Prelado que preside a ordenação: Glória, ornamento e exaltação Resposta do recém-ordenado : E que eu como azeite glorificado na casa de Deus, Há que se lembrar sempre tanto o sacerdote como o diácono que sua ordenação é para a glória e o ornamento da Casa de Deus, e, que como azeite puro deve indicar o Caminho da Verdade, da Luz e da Salvação. 1º - DAIROIO XARUOIO (frade) - trata-se da primeira ordenação que um sacerdote pode receber a partir do diaconato, e restringe-se a fazer seu voto sacerdotal de vida celibatária recebendo o pálio menor das mãos de um prelado ou patriarca. Não ministra sacramentos e sua vida pode ser dirigida exclusivamente para a vida monacal contemplativa, ou para o serviço social. O pálio menor pode ser tanto dirigido aos homens como às mulheres. 2º - COHNO ou CAXIXO, (é a partir deste grau que começam as categorias e ordenações sacerdotais) sacerdote ou padre pleno, tem sua ordenação presidida por um patriarca, maferiono, arcebispo, bispo ou epíscopo e pela imposição das mãos a exemplo dos apóstolos recebe a partir daí o direito de ministrar os sacramentos à comunidade. Esta função como as demais que citaremos do sacerdócio é exclusiva do sexo masculino. A partir deste nível de ordenação sacerdotal exige-se o uso do solidéu ( do latim soli Deo que quer dizer sómente a Deus e para os siríacos chama-se firo que em aramaico quer dizer fruto) durante o ministério dos sacramentos. Especificamente o padre na sua paróquia deve trabalhar de comum acordo com o Conselho Administrativo laico escolhido pelos fiéis e em caso de impossibilidade ele mesmo pode nomear um conselho para auxiliá-lo na administração laica. O sacerdote tem o dever e a obrigação de eliminar do corpo administrativo do Conselho elementos de idoneidade dúbia. O sacerdote preferivelmente não deve se envolver nas questões materiais, mas tem obrigação de supervisioná-las e o seu acesso deve ser permanente, no entanto, sua função maior é buscar ensinar, orientar e trazer para a vida cristã o maior número de fiéis; deve ser estudioso, sábio, humilde, praticar corretamente os rituais, respeitar os seus superiores espirituais hierárquicos e observar rigorosamente as regras, cânones e tradições da Igreja. Os padres na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia podem ser celibatos ou casados e não podem ser portadores de nenhum defeito físico ou mental, devem ter boa aparência, corretos na sua conduta e ilibada idoneidade moral. No caso de celibatos, são escolhidos dentre os monges e diáconos e fazem voto permanente de castidade. Mesmo como padres celibatos podem continuar nos mosteiros, nas escolas, nas sedes diocesanas, patriarcal ou em suas cavernas. Devido às constantes baixas sofridas pela Igreja, os padres celibatos foram forçados a servir nas igrejas paroquiais anteriormente redutos exclusivos dos padres casados. Já os padres casados só podem receber a ordenação sacerdotal depois de ter contraído o matrimônio, e, preferencialmente não ter filhos após a ordenação. Na antigüidade os padres casados eram escolhidos entre os diáconos mais velhos para servir as paróquias mas atualmente os seminaristas que optarem pela vida conjugal podem contrair núpcias antes da ordenação e seguir uma vida conjugal normal uma vez que ainda não receberam o pálio menor. O padre celibato ou não, bem como o diácono e a diaconisa devem ser ordenados especificamente para servir um altar, desta forma o prelado que preside a ordenação declara para o altar de que igreja ou mosteiro foi ordenado. 3º- CURA-EPISCOPO - Os padres casados podem ser elevados à condição de cura-epíscopo e quando em estado de viuvez tanto o padre casado como o cura-epíscopo podem ser ordenados epíscopos. O cura-episcopo pode ser o líder de um grupo de padres casados num lugar específico, tem cargo de liderança e respeito, usa a cruz peitoral, e sua sobrepeliz, é revestida internamente da cor violeta. O epíscopo tem os mesmos poderes de um bispo, paramenta-se como tal, no entanto, o epíscopo não pode vir a ser patriarca mas tem voto no Santo Sínodo , sendo considerado no Santo Sínodo como o menor dos irmãos. São raros na Igreja Siríaca os casos de ordenação desta categoria. Destacam-se nestes casos só os que prestaram serviços relevantes à cultura ou à administração comunitária. Os padres celibatos recebem o pálio menor na sua ordenação monacal, símbolo de castidade e celibato. Em termos de poder, os padres celibatos ou não, tem os mesmos direitos, no entanto só os padres celibatos podem ser ordenados bispos, arcebispos, metropolitas, maferione (católicos) ou patriarcas. Básicamente para o ministério dos sacramentos os sacerdotes celibatários ou casados usam sempre sobre o hábito uma túnica branca e sobre ela a estola presa à altura da cintura por um cinturão, cingindo-lhes as costas, os manípulos ou punhos e o casulo, ou capa sacerdotal. Os celibatos usam o solidéu por baixo do pálio menor e os casados usam só o solidéu. 4º - HASIO - Na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia o bispo é chamado de HASIO que quer dizer puro ou justo e desta palavra aramaica se originou o termo "essênio". Como vimos no capítulo anterior referente à jurisdição da Igreja, a constituição canônica dá os mesmos direitos e significados para os termos "bispo, arcebispo e metropolita", pois, em siríaco a única palavra para tal desinência é HASIO. Desta forma restringiremos o uso à palavra bispo para melhor explanação. Sua sobrepeliz deve ter nos internos a cor vermelha, tem direito ao uso do báculo e da cruz manual e recebe o pálio maior (Masnafto) diretamente do patriarca ou do maferiono. O bispo pode e deve ordenar diáconos, diaconisas e monges, monjas, frades e padres para a sua jurisdição com a devida anuência patriarcal e sobre suas atribuições administrativas já discorremos anteriormente. 5º - O MAFERIONO que em siríaco quer dizer "frutífero" e que na sua ordenação recebe o título de "católicos" isto é "universal" é o equivalente (grosseiramente) a um vice-patriarca, tem sob sua jurisdição diversas dioceses e arquidioceses. Mantém em sua jurisdição um sínodo de jurisdição local e pode ordenar inclusive novos bispos. A Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia pela extensão territorial teve diversos "maferione"(plural de maferiono) subsistindo este cargo até os nossos dias só na Índia. É bom lembrar que hierarquicamente o "maferiono" nas suas atribuições comparativamente é superior ao cargo cardinalício da Igreja Católica Romana. O "maferianato' da Índia possui hoje algo como 1500 igrejas, 2000 sacerdotes, 3 universidades, diversos mosteiros, centenas de escolas dominicais, entidades evangelizadoras, entidades pias e assistências de saúde. Em caso de morte do "maferiono', compete ao Patriarca e ao Santo Sínodo nomear o novo substituto de comum acordo com o clero e a comunidade local. 6º - O PATRIARCA é o grau hierárquico mais alto da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia e é o representante de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, é o sucessor direto de São Pedro o Apóstolo e é irmão e amado dos apóstolos, deve ser obrigatoriamente celibatário e escolhido entre os bispos da Igreja em Concílio Sinodal. Seus atos e decisões são inquestionáveis desde que não firam os cânones da Igreja em questões de fé; tem direito ao título de santidade mas não de infalibilidade. Deve ser puro, sábio, literato, deve ensinar e cuidar da Igreja, é o guardião da fé verdadeira, preside o Santo Sínodo. Todos os fiéis devem chamá-lo de KUMRO que quer dizer ELEVADO. Todos os fiéis devem respeito e submissão ao patriarca. O atual patriarca da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia é SS Mar Ignatius Afrem II, Karim, o centésimo vigésimo terceiro na sucessão petrina, tem sua sede em Damasco na capital da Síria Quando um bispo, maferiono ou patriarca morrem, devem ser enterrados sentados e totalmente paramentados portando o báculo na mão esquerda e a cruz manual na mão direita e nas exéquias entoa-se o hino em que Deus chama Moisés para morrer como seu pai Adão sozinho no monte Nebo de onde avistou a Terra Prometida e este último pergunta ao Criador por que deve morrer sem parente ou amigo para enterrá-lo ou pranteá-lo e Deus lembra-lhe que os Anjos cuidarão dele... assim terminam suas vidas aqueles que atendem o chamamento do Senhor. A maior e melhor recompensa de Deus é recebida pelos seus pastores no Reino Celeste, como São Paulo ensina "eu pelejei uma boa peleja, acabei a minha carreira, guardei a fé. Pelo que mais me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia" (II Tim. 4: 7 e 8), e o próprio Cristo, Nosso Senhor, ensina: "Se alguém me serve, siga-me: e onde eu estiver, estará ali também o que me serve. Se alguém me servir meu Pai o honrará." (Jo. 12: 26).
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