Já
os fiéis finados não podem mais agir, não podem se
arrepender ou confessar seus erros e pecados então ficam efetivamente
a mercê do julgamento ou juízo final, mas, por outro lado,
nós que estamos vivos podemos pedir a misericórdia e piedade
de Deus para com eles para que Ele na sua benigna graça conceda
a eles o perdão dos pecados cometidos involuntariamente.
Obviamente não há como pedir perdão para um "serial
killer" ou um assassino convicto, ou mesmo um ladrão ou estuprador
ou ainda um mentiroso contumaz, pois estes cometem atos prejudiciais aos
seus semelhantes consciente ou voluntariamente.
Mas, porque pedir perdão tanto os vivos como para os mortos?
Basicamente porque nós cristãos cremos na vida eterna ou
a vida depois da morte.
Muitos céticos questionam esta vida pós-morte.
Alguns fatos da vida de Cristo, Nosso Senhor e Salvador, são efetivamente
voltados para a comprovação da vida pós-morte.
O fato mais importante de todos é a ressurreição
de Jesus Cristo.
Antes da sua morte na Cruz, Ele promete ao ladrão da sua direita,
"o bom ladrão" que ainda naquele dia estaria com Ele
no Paraíso.
Na transfiguração, os apóstolos vêem Jesus
Cristo com Moises e Elias, aquele, Moises, é considerado entre
os mortos e Elias, entre os vivos. Os dois aparecem dialogando com Cristo.
Em especial esta manifestação demonstra que os que compartilharem
a vida com Cristo têm a oportunidade de interagir com a Divindade
e não só como algumas igrejas divulgam a idéia de
divagar num espaço agradável de forma ociosa.
Acompanhemos o raciocínio dos céticos e façamos a
mesma pergunta feita a Paulo:
Como pode haver vida depois da morte se os corpos se decompõem?
A resposta é clara na epístola de Paulo; não são
os corpos mortais ou corruptíveis que herdarão o reino dos
céus, mas corpos incorruptíveis, aqueles merecedores desta
honraria, serão como anjos de Deus no Paraíso.
Espera! E o ladrão que foi bandido a vida toda, por que vai também
para o Paraíso?
Muito simples, ele se arrependeu, reconheceu Jesus Cristo como Filho do
Altíssimo e Santo - lembre-se - o ladrão, diz ao outro,
Ele é inocente e não cometeu nenhum mal!
O arrependimento sincero e a confissão na undécima hora,
ou seja, na hora da morte, pode ser aceita por Deus e na sua magnânima
graça conceder o perdão ao pecador.
A prostituta que os judeus queriam apedrejar foi salva por Cristo, mas
por outro lado Ele ordenou, "vai e não peques mais",
antes Ele perguntou: "onde estão aqueles que te condenavam?
E, continuou, eu também não te condeno."
Neste ponto é preciso analisar, Cristo não condenou, perdoou
o pecador e a pecadora, um por arrependimento e confissão e a outra
para uma nova oportunidade.
O que ia morrer de qualquer maneira ou seja, o ladrão na cruz,
valeu o arrependimento sincero e a confissão de ser Ele Cristo
o Filho de Deus; já a prostituta que conseguiu escapar da morte,
a oportunidade de recomeçar uma vida pura, sem pecado.
Voltemos aos nossos fiéis finados, eles não tem a oportunidade
de se regenerar, por isso necessitam das nossas orações,
já nós os vivos temos a obrigação de não
mais errar depois de perdoados.
A vida após a morte, ou a fé na ressurreição
é a base da nossa esperança, pois, assim, a definiu Paulo,
o apóstolo, e, portanto, a Igreja, ciente da impossibilidade de
ação daqueles que estão dormindo na esperança
da ressurreição, ora por todos eles em todas as liturgias
e em especial na de finados.
O sacerdote celebrante nesta liturgia cita o nome de cada fiel que a família
solicita sobre o altar antes da oração do ósculo
santo (cumprimento da paz) para que Deus na sua misericórdia tenha
piedade e aceite todos eles na morada celeste no dia do juízo final.
Já a Igreja Católica Romana define como dogma a existência
de um purgatório e, assim, as almas que acumulam "pequenos
delitos" são passíveis de uma passagem no purgatório
para depois poder esta alma seguir para o Paraíso.
Nossa Igreja Sirian Ortodoxa não aceita esta tese, pois, o próprio
Cristo afirmou que o "bom ladrão" estaria com Ele no
Paraíso naquele mesmo dia.
Afirmou para os apóstolos que para onde Ele ia, eles não
poderiam segui-Lo, mas em breve estariam com Ele.
Perdoou a pecadora, ressuscitou Lázaro, mandou Tabita levantar-se,
expulsou os demônios do endemoninhado..., curou o leproso, a hemoroíssa
e o cego, abençoou as crianças e orou por todos os seus
apóstolos antes de partir.
Em nenhum momento disse a alguém que poderia cometer "pequenos
delitos" que iria para o purgatório.
Este local não é citado em nenhum lugar da Bíblia.
A única coisa que sempre se afirmou é que Deus na sua misericórdia
perdoou, pois, sabia que sua criatura não era perfeita, mas Ele
sempre quis dotá-la da perfectibilidade por livre arbítrio
para que merecesse a dádiva da verdadeira vida eterna.
Em especial neste domingo, sabedores que nossos ancestrais como seres
humanos não eram perfeitos apesar de nós acharmos que eram
nossos heróis, sejamos humildes para pedir ao sacerdote lembrá-los
no altar para que o Criador se compadeça da sua criatura e inclua-os
no dia do juízo final entre os herdeiros do reino celeste.
Mas, lembre-se também, de praticar um ato de caridade em memória
dos seus finados, ou... deixe um óbulo na Igreja que sempre te
acolhe.
Obs.: se optar por citar nomes de finados na próxima missa dominical
de finados informe o sacerdote, melhor ainda anote os nomes e entregue
ao sacerdote antes da missa.
Aniss Sowmy
Diácono Evangelista
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