"No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas
por ele: e nada do que foi feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida,
e a vida era luz dos homens: e a luz resplandece nas trevas, mas as trevas
não a compreenderam. Houve um homem enviado por Deus que se chamava
João. Este veio por testemunha, para dar testemunho da Luz, a fim
de que todos cressem por meio dele. Ele não era a Luz, mas para
desse testemunho da Luz. Era a Luz verdadeira, que alumia a todo homem,
que vem a este mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o
mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não
o receberam: mas a todos os que o receberam, deu ele poder de se fazerem
filhos de Deus aos que crêem no seu nome: que não nasceram
do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do varão mas
de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós: e nós
vimos a sua glória, a sua glória como de Filho unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade". (Jo. 1: 1-14),
O
apóstolo Paulo expressa este assunto espantoso dizendo:
"E
visivelmente é grande o sacramento da piedade, com que Deus se
manifestou em carne, foi justificado pelo espírito, foi visto dos
anjos, tem sido pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória".
(I Tim. 3:16).
É
o milagre dos milagres como a Virgem Maria suportou a grandiosidade do
milagre da encarnação divina que nela aconteceu, com ela
e antes dela! Ela era uma simples menina cuja idade não passava
dos catorze anos! E ela era virgem quando deu a luz, e assim continuou
quando durante o nascimento e depois do nascimento. Ela era uma mãe
enquanto amamentava com seu leite puro seu santo Filho enfaixado e reclinado
na manjedoura. Ela deu a luz a ele num estábulo da hospedaria em
Belém porque não havia lugar para eles na hospedaria! Quando
o anjo lhe deu a boa nova da santa concepção ele lhe disse:
"Não
temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis conceberás
no teu ventre, e darás à luz um filho, e por-lhe-ás
o nome de JESUS. Este será grande e será chamado filho do
Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi:
e reinará eternamente na casa de Jacó, e seu reino não
terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, pois
eu não conheço varão? E respondendo, o anjo lhe disse:
O Espírito Santo descerá sobre ti, e a virtude do Altíssimo
te cobrirá da sua sombra. E por isso mesmo o Santo, que há
de nascer de ti, será chamado Filho de Deus". (Lc. 1: 30-35).
Então,
onde está a grandeza de Jesus ó anjo Gabriel? Onde está
o seu reino? Onde está o seu trono?
Sim
o reino de Deus não é deste mundo. Então mesmo que
os sacerdotes e os governantes da terra ignorassem a sua existência,
os céus exultavam de glória e o anjo trouxe as boas novas
do nascimento para os pastores humildes dizendo-lhes:
"Não
temais: porque eis aqui vos venho anunciar um grande gozo, que o será
para todo o povo! E é que hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador,
que é o Cristo Senhor. E este é o sinal que vo-lo fará
conhecer: Achareis um menino envolto em panos, e posto em uma manjedoura.
E subitamente apareceu com o anjo uma multidão numerosa da milícia
celestial, que louvavam a Deus, e, diziam: Glória a Deus no mais
alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade".
(Lc. 2: 10-14).
Quando
os pastores foram rapidamente para o local onde o rei messias tinha nascido,
eles encontraram-no e encontraram também, o seu reino que era um
estábulo de animais e o seu trono era uma manjedoura. Então
eles o adoraram e voltaram divulgando as boas novas da sua natividade.
Desta forma eles foram os primeiros a receber as boas novas e foram os
primeiros a pregar as novas do Salvador Messias. Mas o sumo sacerdote,
os escribas, os fariseus os demais que eram os depositários da
fé não sabiam àquele tempo o que estavam perdendo,
mesmo quando os magos vieram do Oriente para Jerusalém questionando
do nascido, o rei dos judeus. O rei Herodes inquiriu o sumo sacerdote
sobre o local do nascimento do Messias. Os sacerdotes disseram-lhe que
o profeta Miquéias profetizara que o Messias nasceria em Belém
- Efrata, mas eles próprios não se preocuparam em buscá-lo.
Assim cumpriu-se neles o que o profeta Isaías profetizara oito
séculos antes do nascimento dizendo:
"Conheceu
o boi a seu possuidor, e o jumento o presépio do seu dono"
(Isaias 1: 2-5).
Por
isso não é surpresa quando a Virgem Maria e seu noivo não
encontraram lugar na estalagem e eles se refugiaram no estábulo
de um boi e um jumento para dar a luz ao Messias. Ali sua mãe o
envolveu e o deitou na manjedoura. Por causa do seu nascimento a manjedoura
tornou-se um lugar santo e veio a ser o foco da atenção
de todos os cristãos e assim para ele vieram os reis da terra e
os grandes líderes para tirar suas coroas, inclinar suas cabeças
e até adorar o nascido na manjedoura. Sim a manjedoura era o local
adequado para a criança Jesus, o Salvador ser colocado, pois, ao
contrário, ele desceu do céu para ensinar a humildade. Sua
humildade virá a ser uma medicina benéfica para a cura da
humanidade das doenças do orgulho e até da submissão
à morte, a morte na cruz para tirar a vergonha da desobediência
da humanidade contra o mandamento do seu Deus no paraíso:
"Porque
assim amou Deus ao mundo, que lhe deu seu Filho unigênito para que
todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna".
(Jo. 3:16).
Assim
a manjedoura era o local adequado para aquele que veio para servir e não
ser servido; para se sacrificar pela redenção de muitos.
Ele começou sua divina dispensação salvadora no corpo
deitado na simples manjedoura que se transformou no outro extremo da sua
vida na cruz da vergonha que ele carregou sobre seus ombros ante a multidão
maliciosa que gritava - crucificai-o! crucificai-o! - Então
ele foi pendurado na cruz, e mais adiante depois da sua morte no corpo,
ele foi deitado num túmulo que não era seu. Ele teve alguma
propriedade neste mundo? Ele é aquele a quem os escribas perguntaram:
"Mestre,
eu seguir-te-ei para onde quer que vá. Ao que Jesus lhe respondeu:
As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos; porém,
o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça". (Mt.
8: 19-20).
Sim,
o fiel que contempla os eventos da natividade do Salvador glorifica a
Deus nas alturas, pois o Seu santo plano e a entrega da boníssima
nova à mente humana. As profecias que anunciavam através
das línguas dos profetas foram cumpridas até o fim.
A
sabedoria de Deus em administrar o universo não pode ser alcançada
pela mente humana. A Virgem Maria estava em Nazaré na casa do seu
noivo José quando o anjo Gabriel anunciou-lhe a boa nova e a divina
concepção. Quando chegou ao final dos seus dias de gravidez
e ela estava para dar a luz ao seu primogênito, mesmo que se lhe
tivesse dado a opção de escolha ela ficaria na casa do noivo
José em Nazaré. Mas, Deus ordenara desde o princípio
que o Salvador nasceria em Belém - Efrata e a inspiração
divina que anunciara isto era a língua do profeta Miquéias
no oitavo século antes do nascimento (Mq. 5: 2). Que o seu nascimento
seria em Belém, a cidade de Davi assegurando-nos que Ele é
da descendência de Davi. Que Jesus Cristo, o Salvador, foi registrado
no registro do censo do império romano é uma prova irrefutável
e que Ele é considerado da descendência de Davi. A vontade
divina fez com que César Augusto, decretasse que todo o mundo habitado
deveria se registrar no censo referindo-se com isso a todos os súditos
do império romano. Deus do alto ordenou que César Augusto
ordenasse que todos os judeus de acordo com o seu costume deveriam dirigir-se
a cidade dos seus ancestrais para se registrarem no censo, a fim de que
não houvessem futuras confusões sobre sua descendência
e origem.
O
fiel sempre ficará pasmo e surpreso quando ler a história
da natividade do Redentor pela simplicidade de suas expressões
e pela facilidade da forma escrita permitindo até a uma criança
entender as frases detalhadamente, enquanto os grandes filósofos
não são capazes de penetrar na profundidade do seu significado
e divinos mistérios. Isto é o que o Senhor Jesus quis dizer
em sua oração ao seu Pai sobre a divina administração
na carne:
Graças
te dou a ti, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas
coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos".
(Mt. 11: 25).
Deus
escondeu estes segredos destes que são sábios aos seus próprios
olhos para envergonhar a sabedoria do mundo. Por isso Jesus não
tinha lugar nas suas casas e não nasceu da filha de um rico ou
de um grande filósofo ou cientista, mas ele nasceu de uma pobre
órfã, uma menina virgem, Maria. No entanto ela era da linhagem
dos reis e sacerdotes e ainda dos profetas. Ele não foi deitado
numa cama feita de ouro ou marfim, nem seu corpo puro foi envolto em sedas.
Ao contrário ele foi envolto em linho e colocado numa manjedoura
num estábulo em Belém, uma cidade humilde, mas onde qualquer
um que o procurasse o encontraria.
Ele
veio para toda a humanidade, especialmente para os exaustos, aqueles que
estavam cansados e aqueles que eram oprimidos. Imagino-o agora, quando
era uma pequenina criança deitada na manjedoura tendo aberto seus
braços chamando o povo para si como chamaria mais tarde:
"Vinde
a mim todos os que andam em trabalho, e vos achais carregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou
manso e humilde de coração; e, achareis descanso para as
vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu ônus é
leve". (Mt. 11: 28-30).
Esta
é a sua mensagem celestial prática para que aprendamos dele
a brandura e a humildade a fim de tirarmos dos nossos ombros o jugo da
arrogância, esnobismo e orgulho, a fim de encontrar ainda a paz
com Deus, conosco mesmo e com todos os nossos semelhantes; para que aprendamos
também com ele o amor que se tornou visível na santa cruz
quando ele diz ser simples o seu jugo e leve a sua carga. Ele ordenou-nos
carregá-la (a cruz) todos os dias e seguí-lo na sua caminhada
para o Gólgota, o caminho do sofrimento, o caminho do sacrifício
e da abnegação. A manjedoura é o começo da
caminhada para a cruz.
A
cruz é amor em duas dimensões. A primeira dimensão
é a vertical que aponta para o céu atraindo o amor de Deus
que primeiro nos amou para que nós o amemos de todo nosso coração,
com toda a nossa consciência e com toda a nossa vontade. A segunda
dimensão é a horizontal, que corta a dimensão vertical.
Aqui o nosso amor a Deus é refletido em todos os homens e então
podermos trabalhar o mandamento de Deus amando uns aos outros e sacrificando-nos
para tornar sua dor mais suportável imitando o bom samaritano.
Pois, ele (samaritano) socorreu aquele que caiu entre os ladrões
na parábola que Nosso Senhor Jesus nos deu como exemplo para ensinar
a misericórdia que é o fruto do amor.
A
mensagem do Natal é a mensagem do amor. O menino Jesus nasceu neste
mesmo dia num estábulo, envolto e deitado numa manjedoura porque
não havia quarto para ele na hospedaria. Nós o vemos hoje
em milhões de crianças que não tem lugar para refúgio,
que com suas mães e seus pais estão passando fome enquanto
nós nos saciamos na luxuria das boas coisas e parecemos como o
homem rico na parábola do rico Lázaro que Nosso Senhor Jesus
nos deu como exemplo. O homem rico não mostrou nenhum interesse
pelo pobre Lázaro que foi colocado na porta da sua casa e estava
morrendo de fome. Ambos morreram e o homem rico foi levado para o inferno,
mas os anjos carregaram o espírito de Lázaro para o seio
de Abraão. Portanto, todos os necessitados, todos os pobres e todos
os órfãos ou viúvas desamparadas são os pequeninos
irmãos de Jesus. Mais ainda eles representam o pequenino menino
pobre, Jesus, que não tinha lugar na hospedaria e então
foi deitado na manjedoura, no estábulo da hospedaria em Belém
- Efrata. Então porque não adotamos os ensinamentos de Cristo
que julgará a humanidade no último dia baseado nos nossos
bons atos praticados no decorrer das nossas vidas alicerçados na
fé que temos nele? Porque não nos esforçarmos para
ficar à sua direita junto com aqueles que ouvirão sua linda
voz dizendo-lhes:
"Vinde,
benditos do meu Pai, possuí o reino que vos está preparado
desde o princípio do mundo. Porque tive fome, e destes-me de comer:
tive sede e destes-me de beber: era hóspede, e recolhestes-me:
estava nu, e cobristes-me: estava enfermo e visitastes-me: estava no cárcere
e viestes ver-me. Então lhe responderão os justos, dizendo:
Senhor quando é que nós te vimos faminto, e te demos de
comer; ou sequioso, e te demos de beber? E quando te vimos hóspede,
e te recolhemos: ou nu, e te vestimos? Ou quando te vimos enfermo: ou
no cárcere, e te fomos ver? E respondendo o rei, lhes dirá:
Na verdade vos digo, que quantas vezes vós fizestes isso a um destes
meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes".
(Mt. 25: 34-40).
Hoje enquanto celebramos a natividade do Senhor, Jesus, fico curioso em
saber se preparamos um lugar para Ele nascer em nossos corações.
Será que dissemos aos nossos filhos sobre o seu surpreendente nascimento
em carne? Contamos-lhes sobre sua mãe, pobre e órfão,
a Virgem Maria, descendente de reis, sacerdotes e profetas, e, do santo
e puro que disse a seu respeito: "de agora em diante todas
as gerações me chamarão de abençoada, pois
o Todo poderoso obrará grandes coisas em mim?" Será
que nós lhes dissemos como ela ponderava em seu coração
todas estas palavras que ouvira do céu e dos filhos da terra e
como ela era devota à lei do Senhor dia e noite? Ou será
que transformamos a festa do Natal num "negócio" material
sem nenhuma conexão com a festa espiritual? Será que nós
lhes dissemos sobre o amor de Deus enviando seu único filho para
a nossa salvação e colocando-o numa manjedoura num estábulo
para ensinar-nos humildade e candura porque não havia lugar na
estalagem? Pergunto novamente; Existe um lugar em nossos lares e em nossos
corações? Ou os nossos corações estão
cheios de amor por outras coisas que não as de Deus como estavam
os corações dos escribas, dos fariseus e dos sacerdotes
dos judeus que ignoraram os profetas e estavam preocupados com os seus
negócios mundanos?
Eu
pondero se quando estamos celebrando nossas liturgias religiosas nesta
feliz ocasião, se nós sentimos que Cristo está conosco
e entre nós participando conosco da alegria desta festa; ou se
nós somos estrangeiros para Ele e estamos distantes dele?
"Chama-lo-ão
de Emmanuel, que quer dizer Deus conosco" (Mt. 1: 23)... "E
lhe chamarás por nome JESUS: porque ele salvará o seu povo
dos pecados deles". (Mt. 1: 21). Nós o aceitamos como
nosso Salvador e acreditamos no mistério da encarnação
e redenção? Ou celebramos esta liturgia da sua festa como
uma atividade rotineira que tem a aparência de piedade, mas que
perdeu todo o seu poder? Será que as tradições espirituais
vieram a converter-se em mero costume social sem conexão com o
Espírito? Será que nós levamos vantagem da oportunidade
deste feriado para ocupá-lo com a prática de prazeres físicos
ilícitos como a intoxicação pela bebida, contendas
barulhentas, adultério e jogo? ... Isto distancia Cristo de nós
e nós de Cristo, e, então não tem lugar para ele
em nossos lares e em nossos corações, e, ele não
estará conosco nestas ocasiões porque neste caso estas atividades
estão distantes do espírito de piedade, do temor a Deus,
da misericórdia e da humildade.
Vamos
preparar um lugar para Cristo em nossos lares e em nossas almas para que
"não sermos mais nos que vivemos, mas é o Cristo
que vive em nós" (Gal. 2:20). Vamos emular a Virgem
que guardou em seu coração tudo que ouviu dos anjos, dos
magos e dos pastores quando ela viu os milagres deslumbrantes e as boas
novas que lhe foram anunciadas. Vamos prestar atenção nos
dizeres de Nosso Senhor Jesus quando estava respondendo à mulher
que entre a multidão levantou sua voz e disse:
"Bem
aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos a que foste criado. Mas
ele respondeu; Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus,
e a guardam!" (Lc. 11: 27-28).
Vamos
ouvir a Palavra de Deus, memorizá-la e praticá-la para merecer
a benção que a Virgem Maria alcançou dando a luz
ao Senhor Jesus em carne.
E
que esta festa da natividade seja uma benção para todos,
Amem.
Traduzido
por
Aniss Ibrahim Sowmy
Diácono evangelista
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