Quero aqui citar o trabalho de uma de nossas fontes de conhecimento; ele
é Jorge, o bispo para os árabes (+725AD) e que fora consagrado
em 686AD para os árabes de Al Kufa situados no atual Iraque; ele
escreveu um livro de forma concisa em quinze páginas tratando dos
sacramentos e escolhi para citar o que segue do seu prefácio: "os
doutores da Igreja fizeram exposições dos ministérios,
exposições de fôlego e minuciosas em alto estilo em
especial São Dionísio, o discípulo do apóstolo
Paulo, um dos juízes do areópago que era bispo na cidade
de Atenas: Eu também fiz uma sucinta para instrução
dos amantes da doutrina especialmente aqueles que são pusilânimes
como nós e são incapazes de constantemente ler os volumes
dos santos padres ou porque não os tem a mão ou porque nem
todos são capazes de compreender o sublime significado como os
santos padres... o início, portanto, dos mistérios dos cristãos
é a fé verdadeira".(1)
3.1. Isto comprova como nossos estudiosos no século VII reconheceram
os sacramentos da Igreja. Jorge, o bispo para os árabes, por exemplo,
tratou compreensivelmente com apenas quatro sacramentos iniciando com
a fé depois o batismo seguido da Santa Eucaristia e finalmente
a confirmação-crisma. Ele pode ser considerado o sacramento
da fé como a entrada para o sacramento do batismo, no entanto ele
demonstrou nitidamente que a base dos sacramentos no cristianismo é
a fé verdadeira. Alocou os ensinamentos da fé aos diáconos
e sintetizou seus ensinamentos consistindo em ouvir e familializar-se
com os evangelhos, no entanto, o ministério do batismo era de exclusividade
do sacerdote.
4.1. Em siríaco ou aramaico a palavra "ROZO" no novo
testamento tem vários significados. Decididamente não quer
dizer "SECRETO" ou "ESCONDIDO", pois, estes em siríaco
seriam "TAXIO" ou "CASSIO". Por exemplo, quando José
não queria tornar pública a concepção da Virgem
Maria pensou em divorciar-se dela secretamente - "MTAXIOITH".
A mesma palavra é citada quando Jesus visitava Betânia após
a morte de Lázaro, Marta foi chamar sua irmã Maria secretamente
- "CASSIOITH". (2)
A palavra "ROZO" - "MISTÉRIO" - é usada
no evangelho na forma como nós a entendemos quando usada para os
sete sacramentos. Por exemplo, na parábola do semeador, como em
São Marcos, Jesus diz aos seus doze discípulos "a vós
é dado conhecer o mistério (rozo) do reino de Deus"
(3). Aqui Ele não usa a palavra "segredo" como é
usada em algumas traduções modernas.
São Paulo usa a palavra "ROZO" - "MISTÉRIO"
- nas suas epístolas corretamente no mesmo sentido. Os exemplos
a seguir são elucidatórios:
Na primeira carta a Timóteo diz: "em verdade grande é
o mistério divino (rozo) da virtude, ele é revelado na carne,
justificado no espírito, visto pelos anjos, pregado aos gentios,
acreditado pelo mundo e recebido em grande glória".(4)
Do mesmo modo escreveu aos romanos: "agora nós vos entregamos
a Deus que vos confirmará no meu evangelho que é pregado
em Jesus Cristo na revelação do mistério (rozo) que
estava escondido desde o princípio do mundo". (5)
Também aos coríntios ele escreve dizendo: "observai,
eu vos conto um mistério (rozo) nem todos morreremos, mas seremos
transformados".(6)
E novamente aos romanos diz "Eu estou desejoso meus irmãos
para que vocês conheçam este mistério (rozo)".(7)
Finalmente quando discorre sobre a relação entre esposas
e maridos na sua epístola aos efésios diz: "grande
é este mistério (rozo), mas falo a respeito de Cristo e
da sua Igreja".(8)
Fica, portanto, claro que "MISTÉRIO - ROZO" em siríaco
tem um conceito mais profundo do que a palavra "ESCONDIDO" ou
"SECRETO".
Os padres siríacos como São Paulo, distinguem entre "MISTÉRIO"
e "SECRETO" nos seus ensinamentos. Hoje a palavra "ROZO"
- "MISTÉRIO" - na terminologia da Igreja significa um
santo rito que produz uma graça invisível na alma da pessoa
a que é ministrado e do qual ele ou ela recebe força espiritual,
portanto, a palavra "ROZO" é usada para os dois sacramentos
que não incluem ordenações proveitosas.
5.1. Cremos que todos os fiéis podem receber todos os sacramentos
exceto o do sacerdócio que é ministrado apenas aos homens.
Alguns dos sacramentos são ministrados uma única vez na
vida como o batismo, confirmação-crisma (santo óleo
Muron) e sacerdócio. Os demais sacramentos podem ser ministrados
mais de uma vez como o casamento-matrimônio e a unção
dos doentes. Outros como arrependimento-confissão e a santa eucaristia
são continuamente ministrados até o último suspiro.
6.1. Consideramos os quatro sacramentos: batismo, crisma, confissão
e santa eucaristia como essenciais à salvação humana.
Os demais sacramentos: matrimônio, sacerdócio e unção
dos enfermos não são essenciais à salvação.
7.1. Durante o rito do batismo o fiel recebe três sacramentos:
batismo, crisma e santa eucaristia.
8.1. Na tradição da nossa Igreja cremos no batismo da criança
quando pequenina, e, portanto, não esperamos até que o fiel
atinja uma certa idade antes de receber os sacramentos do batismo, crisma
e santa eucaristia.
9.1. Os sacramentos ministrados uma única vez na vida, batismo,
crisma e sacerdócio não devem ser repetidos. Isto é
feito de acordo com os ensinamentos de São Paulo: "agora é
Deus que vos confirmou conosco em Cristo e que nos indicou, ungiu e firmou
seu espírito em nossos corações".(9)
10.1. Em uma de suas cartas contra aqueles que diziam que os homens penitentes
que uniram ao Sínodo de Calcedônia e anatemizou todos os
que chamam o nosso único Senhor, Jesus Cristo, de duas naturezas
depois da inefável união e voltam à fé ortodoxa
devem ser novamente ungidos, São Severius, escreve que os padres
fizeram uma distinção quando falavam do batismo: "dizem
aqueles que o que foi batizado em nome das três substâncias,
o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mesmo tendo sido batizado pelos
heréticos, mas mesmo assim confesse as três substâncias,
não deve ser rebatizado, mas, converso das outras heresias, certamente
deve ser aperfeiçoado (NEXTALMUN) pelo batismo da Igreja. Esta
opinião, os trezentos e dezoito padres reunidos em Nicéia
seguiram e todos os que nutriram as Igrejas depois deles".(10)
11.1. Na nossa tradição para a conduta bem sucedida do
ritual ou do sacramento três elementos são necessários:
1 - A matéria que é a água
2 - A fórmula - são as palavras que o sacerdote profere
durante o batismo:
"Fulano é batizado para a santidade, a salvação,
uma vida imaculada e para a abençoada ressurreição
dos mortos na esperança da vida e o perdão dos pecados em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
3 - O servo do sacramento é o sacerdote que está canonicamente
autorizado como está escrito nos Atos dos Apóstolos: "depois
de jejuarem e orarem e imposto as mãos sobre eles, eles os enviaram".(12)
A Igreja autorizou uma exceção na ausência do sacerdote:
os diáconos são autorizados a batizar apenas as crianças
muito doentes.
2 - A Liturgia dos Sete Sacramentos:
2.1. A liturgia siríaca atravessou diversos estágios de
aperfeiçoamento até chegar à forma presente. Conforme
a tradição da ISOA a Igreja Cristã Primitiva iniciou-se
com hinos e os fiéis cristãos cantavam "a glorificação
da Virgem Maria" de Isabel (13) a mãe de São João
Batista ou o canto de exaltação da "profecia de Zacarias"
(15), a exaltação dos anjos após o nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo: "glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens de boa vontade" (16), como, também, as
palavras de gratidão de Simão e Ana (17)*.
Nota do tradutor: Não há dúvida que estes cantos
podem ter sido praticados pelos primeiros cristãos, mas, a Oração
Celestial - Pai nosso - era o ponto alto da assembléia logo depois
de abençoar e partir o pão e abençoar o vinho transformando-os
no verdadeiro Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Se olharmos para o lado das comunidades judaicas que adotaram o cristianismo
é notório e sabido que não abandonaram suas tradições
de imediato, portanto a prática dos salmos e das leituras das escrituras
sagrada ou velha testamento persistiu formando a base do que conhecemos
como a liturgia da palavra. Já nas comunidades dos gentios que
se tornarão o grande esteio do cristianismo principalmente na atual
região da Síria, Líbano, Turquia e Iraque vemos que
desde os primórdios do cristianismo existem exemplos de organização
cerimonial com Ignatius o Iluminador, primeiro sucessor de Pedro o Apóstolo
na Cátedra de Antioquia organizando corais nos altares das Igrejas
e podemos concluir que vários hinos das seitas não cristãs
foram adotados com novas letras no cristianismo, infelizmente com a corrida
da valorização espiritual proposta por Nosso Senhor Jesus
Cristo, os primeiros organizadores da ISOA não nos deixaram muitos
registros históricos deste início da história e muita
coisa dela se sabe por referencia. Não há dúvida
que a grande escola propagadora do cristianismo foi a ISOA com seus missionários
que se espalharam por todo o mundo antigo conhecido, eles melhor do que
ninguém compreenderam a verdadeira mensagem de Cristo, pois, falavam
sua língua, o aramaico, enquanto, os judeus achavam que chamava
por Elias na cruz! São os chamados gentios da Província
Romana chamada Siríaca que aceitaram-no primeiramente como seu
Salvador e Filho de Deus!
Desta forma entendemos as palavras dos Atos dos Apóstolos: "quando
o dia do Pentecostes se cumpriu, enquanto estavam juntos reunidos..."
(18) assim como "pois todos os homens glorificavam a Deus pelo que
acontecera" (19) e a advertência de São Paulo aos fiéis
na carta aos efésios: "falando às suas almas em salmos,
hinos e cantos espirituais, cantem com seus corações ao
Senhor" e aos colossenses: "deixem a palavra habitar em vós
abundantemente em toda sabedoria, ensinamento e exortando-vos uns aos
outros em salmos, hinos e cantos espirituais, cantando com graças
a Deus em seus corações".(21) Estas palavras de oração,
exaltação e gratidão tornaram-se a pedra fundamental
da formação e do desenvolvimento da liturgia que é
usada até hoje na ISOA.
2.2. Até o século IX AD, os livros litúrgicos usados
eram às vezes sucintos outras vezes outras vezes mais extensos.
Entre os nossos diversos estudiosos que revisavam muitas das nossas orações
e livros de liturgia até o século XIII são:
São Tiago de Edessa (+708) (Mor Yacoub d'Urhoi) que revisou o
livro das orações diárias (Xhimo) e o livro das orações
vesperais e matutinas dos sábados e domingos (Fankitho), o livro
das festas maiores (M'hadhedono) e os livros dos ritos do batismo, matrimônio,
a benção das águas na epifania, exéquias ou
funerais dos bispos, sacerdotes e leigos (homens, mulheres e crianças).São
Tiago escreveu também, sobre o batismo na Igreja, a santificação
dos Santos Óleos da Crisma (Muron) com destaque especial para a
diferença entre o Santo Óleo da Crisma e o Santo Óleo
da Unção.
Outro estudioso é São Yohaness (Mar Yauanis), bispo metropolita
de Dara (+860) dedicou um capítulo do seu livro de teologia aos
sacramentos do batismo, crisma e santa eucaristia.
Da mesma forma, Mar Muxe Bar Kifo (Moisés o filho da Rocha) (+903)
compôs um estudo de 24 capítulos sobre os sacramentos da
Igreja concentrando-se no batismo, eucaristia e o óleo da crisma,
dedicando, também, um tratado detalhado sobre a ordenação
dos diáconos, sacerdotes e bispos.
Outros estudiosos dedicaram-se aos mesmos assuntos até o século
XIII.
3.2. Hoje usamos diferentes ritos no batismo para o sexo masculino e
feminino sem diferenciação de idade. Este rito inclui o
sacramento da confirmação-crisma e isto ocorre quando o
sacerdote eleva o vaso do "Muron" - óleo santo da crisma
sobra às águas de forma reverente com o sinal da cruz dizendo:
"a água Vos Vê, Ó Deus, as águas Vos viram
e amedrontaram-se. A voz do Senhor está sobre as águas;
o glorioso Deus trovejou. Deus está sobre as águas"
(hzauk mor maio aloho...), então o sacerdote despeja o santo Muron
nas águas em sinal de cruz dizendo: "despejamos o Santo Muron
nestas águas do batismo para as benesses da regeneração
e incorruptibilidade em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".(23)
Em seguida o padre umedece seu polegar direito com o santo óleo
da unção diretamente do vaso do óleo da unção
e unge a testa da criança e a cada invocação faz
o sinal da cruz dizendo: "fulano(a) é ungido(a) com o óleo
da alegria para que possa enfrentar as tentações demoníacas
e possa ser enxertada na oliveira cultivada na Sua Santa Igreja, Católica
e Apostólica em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".(24)**
Veja os cânones e instruções do NOMOCANON (HUDOYO)
e outros cânones eclesiásticos anexos e em prática
na ISOA no livro do Sacramento do Batismo de acordo com rito da ISAO.
Nota do tradutor: todas as igrejas basilares usavam o termo "católica"
desde os primórdios do cristianismo entendendo-se tratar de igreja
universal. O termo aparece na confissão de fé - Credo -
e continua sendo usado até hoje, deve, no entanto cada igreja basilar
usar o termo de forma compreensível sem provocar confusão.
4.2. Devemos observar que na ISOA existe um rito especial requintado
para a santificação do santo óleo da crisma - Muron.
No princípio incluía-se esta benção na jurisdição
dos bispos, mais tarde esta autoridade ficou restrita exclusivamente à
pessoa do Patriarca.
5.2. O rito da santificação do santo óleo usado
para a unção dos enfermos está na jurisdição
e autoridade dos bispos. Este sacramento é ministrado pelos padres
para os fiéis de ambos os sexos sem restrição de
idade.
6.2. O rito do arrependimento consiste em expressões específicas
ditas pelo sacerdote à pessoa que confessa, antes, durante e após
a confissão dos pecados; confissão esta que só deve
ocorrer diante do sacerdote. Estas expressões ou palavras consistem
basicamente de versículos do novo testamento e ensinamentos dos
santos padres. O arrependimento é alcançado através
da vontade da pessoa especialmente quando diz: eu estou verdadeiramente
arrependido e grande é o meu remorso por todos os pecados que cometi,
e, estou decidido a não trilhar novamente os caminhos perversos
do pecado; aceita ó Senhor minha confissão e contempla-me
com a Vossa graça para que possa escolher a morte ao invés
de deshonrar-Vos". (25)
7.2. O ritual do matrimônio foi muito bem revisado na nossa tradição.
Usamos orações e bênçãos especiais para
o caso das virgens ou das viúvas. Atualmente existem orações
adaptadas para o caso de algum dos esponsais estar no seu terceiro matrimônio.
Veja também os cânones e as instruções anexas.
8.2. O sacramento do sacerdócio é ministrado só
para os homens e uma única vez na vida. O ritual deste sacramento
inicia-se com um curto sermão para os diáconos e um mais
extenso para os sacerdotes. Hoje temos o Rito de Consagração
dos diáconos (acólito - Mzamrono, leitor - Koruio, subdiácono
- Fediacono, diácono evangelista - Euengueloio, arquidiácono
- Arkediacon), o Rito dos sacerdotes (celibatários e casados),
dos bispos (bispos, católicos-Maferiono) e Patriarca.
Nota do tradutor: Para maiores detalhes sobre o sacerdócio na
ISOA veja neste site sob o título "O Sacerdócio na
Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia".
9.2. Com relação ao sacramento da santa eucaristia de acordo
com a tradição da ISOA a origem da liturgia volta-se para
São Tiago (Mor Yacoub), primeiro bispo de Jerusalém. Esta
liturgia hoje chamada de "ANAFURA" incorreu em algumas alterações
e acréscimos no decorrer do tempo. O uso da liturgia de São
Tiago como a conhecemos hoje se iniciou antes do século IV. (26)
Nota do tradutor: A liturgia de São Tiago foi usada ininterruptamente
pela Igreja, pois, a liturgia propriamente dita é a fórmula
que Nosso Senhor Jesus Cristo utilizou para a transformação
do pão e do vinho no seu corpo e sangue, ministrando-O aos fiéis
para a salvação de todos que nEle crêem. Os acréscimos
havidos à liturgia básica são a aparte inicial ou
invocações da intercessão da Virgem Maria e de todos
os santos, a exaltação à segunda pessoa da Santíssima
Trindade, o Filho, e, a liturgia da palavra que são as leituras
do velho testamento, dos atos dos apóstolos, das epístolas
culminando com a leitura do Evangelho pelo sacerdote oficiante seguido
do sermão e da súplica ou razões da oferenda.
Acrescentou-se após o Concílio de Nicéia a confissão
de fé ou credo (creio em Deus Pai...) só a partir daí
tem início a liturgia propriamente dita de São Tiago com
o ósculo santo e a invocação do Espírito Santo
sobre os elementos.
Segue a oração de benção, santificação
e transformação dos elementos, o pão e o vinho misturado
à água no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e
a descida do Espírito Santo completando o ato de transubstanciação
(epiclesis).
Os dípticos em número de seis dedicados aos patriarcas,
irmãos fiéis, reis, santos, santos padres e fiéis
falecidos seguramente devem ter sido acrescidos a partir do século
IV.
Após os dípticos segue a elevação dos mistérios
e a comunhão do celebrante, dos diáconos e dos fiéis
terminando com uma benção final ou de despedida que seguramente
faziam parte da liturgia original de São Tiago.
Atualmente o sermão tem lugar logo após a elevação
dos mistérios e antes da comunhão.
Algumas informações bastante antigas sobre a liturgia podem
ser encontradas nos escritos de Santo Efrem o Siríaco (+373), São
Tiago de Srug (+521) e diversos outros estudiosos e poetas das duas escolas
de Nsebin e Edessa.
A maior parte da liturgia de São Tiago na forma atual como a conhecemos
foi compilada e revisada por São Tiago de Edessa (+708) com algumas
modificações menores nos séculos XII e XIII. Outras
alterações mínimas e padronizações
formatam os atuais missais litúrgicos pela primeira vez impressos
com instruções e autorização dos patriarcas
antes da virada do século XX. Como fato consumado o Patriarca Afrem
Barsoum compilou no ano de 1943 uma lista de oitenta "anáforas"
ou liturgias em uso na nossa Igreja.
Nota do tradutor: historiadores da segunda metade do século XX
afirmavam existir oitenta e quatro diferentes liturgias em uso até
o século XIX.
No mais, é importante elucidar que não existe nenhum estudo
acadêmico ou pesquisa em qualquer instituição oriental
ou ocidental que trace as origens da liturgia na nossa Igreja durante
os quatro primeiros séculos do cristianismo. Maiores análises
destes manuscritos que sobreviveram podem nos dar uma nítida imagem
das suas origens e sucessivo desenvolvimento.
Nota do tradutor: Ibrahim Gabriel Sowmy (*1913 +1996) historiador em
sua obra "Cultura dos Povos assírio-arameus" traça
um paralelo a exemplo de São Paulo entre o sacerdócio de
Melquisedec e de Nosso Senhor Jesus Cristo detalhando inclusive o uso
de cerimônias e cantos, mostrando efetivamente que a verdadeira
origem da liturgia das chamadas igrejas siríacas cristãs
tem sua base nos rituais das antigas comunidades siríacas. Apesar
do desinteresse dos estudiosos ocidentais de aprofundar-se neste campo
o que se vê é um interesse proposital de vincular o cristianismo
ao judaísmo quando este último abertamente o repudiou e
repudia.
3. Para concluir quero aqui mencionar a questão do número
dos sacramentos
na nossa tradição, assunto este não muito claro até
para nós. Em verdade não distinguimos entre sacramento e
semi-sacramento. Nossos padres só citam sacramentos essenciais
à salvação e aqueles que não são essenciais.
Alguns estudiosos acreditam que o número sete simboliza as sete
graças do Espírito Santo citados em Isaías: "e
Ele estará em paz, e o Espírito de Deus estará nele,
o espírito da sabedoria, da compreensão, o espírito
do aconselhamento e poder, o espírito do conhecimento e da reverência
ao Senhor". (27)
Até o século XIV no Sínodo da Igreja Siríaca
Ortodoxa de Antioquia fixou-se especificamente o número dos sacramentos
em sete.
Posso citar dois exemplos: um testemunho anterior ao século X
foi o bispo Jorge de quem já falamos no seu livro "Uma Exposição
sobre os Mistérios da Igreja" no qual ele começa com
as seguintes palavras: o único, pois, dos mistérios dos
cristãos é a fé verdadeira" (28), depois discorreu
sobre o batismo, a crisma e a santa eucaristia.
Outra referencia anterior ao século XIV é Bar Hebroyo (Bar
Hebraeus + 1286). No seu livro "Candelabro do Santuário"
- Mnorath Kudxo, fala do sacerdócio, o santo óleo da crisma
- Morun, eucaristia, jejuns e orações comemorativas, funerais
e matrimônio.
Isso prova que até os dias de Bar Hebraeus (+1286) a ISOA não
citava os sacramentos como sendo sete. Não há dúvidas
que a Igreja usava todos os sacramentos, mas até o final do século
XIII não podemos afirmar que a Igreja reconhecia os sacramentos
como sete como nos dias de hoje. No entanto, nas fontes teológicas
a palavra "ROZO" - mistério - sempre se refere à
Santíssima Trindade - "ROZO DATLITHOIUTHO" - Mistério
da Santíssima Trindade - e, como "ROZO D´METBARNOXUTHO"
- O Mistério da Encarnação.
Concluímos citando o artigo 146 da Constituição
da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia: "é uma das
dádivas de Deus a Igreja dando-lhe os sete sacramentos quais sejam
o Batismo, a Crisma, o Arrependimento e conseqüente confissão,
a Eucaristia, o Matrimonio, o Sacerdócio e a Unção
dos Enfermos. Portanto os bispos e padres orientam os fiéis à
prática necessária dos santos sacramentos e encorajá-los
à unção dos enfermos sempre que necessário".(29)
Notas do Autor:
(1) Codrington, H.W., and Connlly, R.H, Two comentaries on the Jacobite
Liturgy (1913), p11.
(2) João 11: 28
(3) Marcos 4:11
(4) I Timóteo 3:16
(5) Romanos 16: 25
(6) I Coríntios 15: 51
(7) Romanos 11: 25
(8) Efésios 5: 32
(9) II Coríntios 1: 21-22
(10) ,hcxointnA fo hcrairtaP, sureveS fo retteL, tceleS eht fo koob htxiS
ehT ,hcointnA fo hcraitaP soireveS raM - Traduzido por E.W.Brooks (Oxford
1903), II, pp294,297.
(11) The Sacramorf detalsnart, hcointA fo hcruhC xodohtro nairyS ht fo
etiR tneicnA eht ot gnidrocca msitpab fo tnem the original Syriac (1974),
p.70.
(12) Atos 3:13
(13) Lucas 1: 46-55
(14) Lucas 1: 42-45
(15) Lucas 68-79
(16) Lucas 2:14 e 29-32
(17) Atos 4: 34
(18) Atos 4: 34
(19) Lucas 2: 29-32
(20) Atos 4: 21
(21) Efésios 5: 19-20 e Colossenses 3: 16
(22) M´Hadhedono - Livro dos Ritos Antigos das datas comemorativas
da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia, traduzido do siríaco
para o inglês pelo Arquidiácono Murad Saliba Barsom, edição
1984 Líbano.
(23) O Sacramento do Batismo de acordo com o Rito da Igreja Siríaca
Ortodoxa de Antioquia traduzido do siríaco para o inglês
pelo Arquidiácono Murad Saliba Barsom, edição 1974,
p.4.
(24) O Sacramento do Batismo... p. 50
(25) Mar Ignatius Ephrem Barsoum, The Spiritual Treasure on Canonical
Prayer (1956), tradução para o inglês 1999, p. 129.
(26) Anaphorae Syriacae, II.2, Anaphora Sacti Iacobi, edição
e tradução Odilo Heiming, Roma 1952.
(27) Isaías 11: 2
(28) Codrington, H.W., and Conolly, R.H, Two Commentaries on the Jacobite
Liturgy (Oxford 1913), p.11.
(29) Constituição da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia,
artigo 146.
Bibliografia:
1 - Os versos do Livro Sagrado, a Bíblia, citados são da
versão da "Sagrada Bíblia, George M. Lamsa - traduções
do texto Aramaico da Peshita, 1957".
2 - Two Commentaries on the Jacobite Liturgy; trans. Dom. R.H. Connolly,
and H.W. Codrington, Oxford 1913. (Dois comentários sobre a liturgia
jacobita)
3 - Mar Severius Patriarca de Antioquia, The Sixth book of the Select
Letter of Severus, Patriarch of Antioch, tradução E.W. Brooks,
Oxford 1903, Vol II (O Sexto livro da Carta Escolhida de Severius, Patriarca
de Antioquia).
4 - Mar Ignatius Ephrem Barsoum, The Spiritual Treasure on Canonical Prayer,
1956, traduzido do siríaco e árabe para o ingles, 1999.
(O Tesouro Espiritual das Orações Canônicas).
5 - Mar Ignatius Ephrem Barsoum, History of Syriac Sciences and Literature
- Syriac Patrimony, Quinta edição 1987, traduzido para o
ingles por M. Moossa, Pueblo 2000. (História das ciências
e literatura siríacas - patrimônio siríaco).
6 - C. Moss Catalogue of Syriac Printed Books and Related Literature no
Museu Britânico, Londres 1962 (Catálogo dos livros siríacos
impressos e literatura afim).
7 - Bar Hebraeus, The Candelabra of Sanctuary -Mnorath Kudxo, impressão
árabe 1996 (O Candelabro do Santuário).
8 - Anaphorae Syriacae II.2, Anaphora Sancti Iacobi, Fratris Domini, edição
e tradução Odilo Heiming - Roma 1952.
9 - The Sacrament of Baptism according to the Ancient Rite of the Syrian
Orthodox Church of Antioch, 1974, traduzido do siríaco para o ingles,
pelo Arquidiacono Murad Saliba Barsoum. (O Sacramento do Batismo segundo
o antigo rito da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).
10 - The Order of Solemnization of the Sacrament of Matrimony according
to the Ancient Rite of the Syrian Orthodox Church of Antioch, 1974, traduzido
do siríaco para o ingles pelo Arquidiácono Murad Saliba
Barsoum. (A Ordem Solene do Sacramento do Matrimonio segundo o antigo
rito da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).
11 - M'hadhedono, Ancient Rite of the Syrian Orthodox Church of Antioch,
1984, traduzido do siríaco para o inglês pelo Arquidiacono
Murad Saliba Barsoum. (Livro dos Ritos Antigos das datas comemorativas
da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia).
ANEXO I
Cânones e instruções do NOMOCANON (HUDOYO) e outros
cânones eclesiásticos em uso até os nossos dias na
Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia (ISOA) constantes no livro
do Sacramento do Batismo conforme o Antigo Rito da ISOA.
1 - O Santo Batismo é o sacramento, portal, através do
qual o ser humano entra para a fé cristã, portando, deve
ser ministrado com a maior reverencia e consciência dos padres e
deve ser recebido com fé verdadeira pelos fiéis.
2 - O Sacramento do Batismo deve ser ministrado no batistério
da Igreja exceto em caso de necessidade em virtude de doença perigosa
ou circunstâncias forçosas, então o batismo poderá
ocorrer nas casas dos fiéis com permissão do bispo. Neste
caso uma bacia larga e funda deve ser preparada para receber água
a ser santificada. Esta bacia só poderá ser usada para o
batismo. Este procedimento deve ser seguido também, nos países
em que não temos Igrejas ou Casas de Oração.
Nota do tradutor: as casas de oração em verdade podem ser
as casas dos sacerdotes ou diáconos nos países ou cidades
em que não há igrejas ou ainda onde a comunidade local se
reúne e ora muitas vezes até sem a presença de sacerdotes,
hoje são comuns nos EUA.
3 - O bispo assim como o padre deve ministrar o sacramento do batismo
completamente paramentado. O incenso deve ser oferecido de acordo com
o ritual da Igreja.
4 - O batismo deve ser ministrado pela manhã após a Divina
Liturgia a menos que a emergência requeira o ministério antes
ou a qualquer outra hora.
5 - Para cada criança do sexo masculino deve haver um padrinho
ortodoxo presente e para cada criança do sexo feminino deve haver
uma madrinha ortodoxa presente.
Nota do tradutor: pelos acordos ecumênicos são aceitos padrinhos
e madrinhas das quatro igrejas basilares: Antioquia, Alexandria, Roma
e Constantinopla; acordos mais detalhados existem entre as chamadas Igrejas
Ortodoxas Orientais que são a Siríaca Ortodoxa de Antioquia,
Copta Ortodoxa de Alexandria - Egito e a Armênia Ortodoxa.
6 - Dois tipos de óleos serão utilizados no ministério
do batismo. O óleo da unção - MEXHO - consagrado
pelo bispo e ministrado antes da imersão. O outro óleo é
o óleo da Crisma - MURON - que só é consagrado pelo
patriarca, é o óleo da confirmação e é
ministrado logo após o batismo.
7 - Os padrinhos antes de participar da cerimônia batismal devem
com todo o respeito e pureza d´alma confessar e receber a Santa
Comunhão. Eles têm também, a obrigação
de orientar e instruir os seus afilhados ou afilhadas na religião
cristã.
8 - O padre deve registrar o nome do novo (a) fiel já batizado(a)
no Livro de Registro dos Batizados da Igreja. É adequado e recomendado
que o (a) fiel batizado(a) receba um nome cristão.
9 - Quando um padre batiza crianças dos dois sexos na mesma cerimônia
não é permitida a imersão simultaneamente na mesma
água. Deve primeiro praticar a imersão da criança
do sexo masculino só depois desta imersão deverá
trocar a água e então praticar a imersão da criança
do sexo feminino. No caso de batismo coletivo de crianças do mesmo
sexo o padre procederá à imersão dos batizandos seqüencialmente
a partir do mais velho para o menor.
10 - Se a criança ou a pessoa que pede o batismo está moribunda
o padre batizará sem a imersão lançando um pouco
de água sobre a testa e se possível sobre o corpo.
11 - O sacramento do batismo deve ser cumprido duas semanas após
o nascimento a menos que uma emergência atrase a prática.
Neste caso o batismo pode acontecer após um mês, mas não
mais de dois meses preferencialmente.
12 - Um sacerdote batizará seu filho (a) só em caso de
emergência ou quando não há outro padre da Igreja
disponível.
13 - Se uma criança estiver moribunda, um diácono das categorias
maiores (arquidiácono ou evangelista) podem batiza-la na ausência
do sacerdote. Mais tarde se a criança sobreviver o sacerdote confirmá-la-á
crismando-a com o óleo do crisma.
14 - Ainda numa emergência o sacerdote pode batizar mesmo depois
de ter tido sua refeição. Numa emergência de vida
ou morte o sacerdote deve usar a cerimônia de batismo abreviada
de São Severius, Patriarca de Antioquia.
15 - Quando uma jovem ou uma senhora quer ser batizada o sacerdote deve
lançar os óleos da unção e da crisma nas águas
numa bacia grande e puxar uma cortina entre ele e a batizanda que veste
nesta ocasião uma túnica branca. Depois confirmará
a batizanda ungindo com o óleo da crisma na testa. Depois de colocar
sua mão direita sobre a batizanda e batizando-a "em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo" a batizanda praticará
a imersão sozinha três vezes na água. Antigamente
as diaconisas e as freiras ungiam as jovens e as senhoras. Atualmente
é recomendada a assistência da esposa do padre na unção
de jovens ou senhoras. Da mesma forma se um homem será batizado
o sacerdote seguirá as mesmas instruções, mas o sacerdote
praticará a cerimônia só, isto é sem a participação
de diáconos, diaconisas, etc... Depois da cerimônia as túnicas
brancas devem permanecer na Igreja. Quanto às Águas Sagradas
devem ser lançadas num poço limpo construído para
esta finalidade e caso não haja devem ser lançadas num jardim.
16 - No caso do batismo dúbio de uma pessoa, isto é não
se consegue provar com um certificado o padre batizará dizendo:
"fulano (a) se você não foi batizado(a) eu te batizo
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
17 - A Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia aceita o batismo dos
calcedônios, isto é das Igrejas Bizantina Ortodoxas e Católica
Romana. Se um fiel é batizando em algumas Igrejas Protestantes
devem ser crismados, ungido com o óleo santo da crisma - Muron
- pois, estas igrejas não têm o óleo da crisma.
Nota do tradutor: Com base no V Encontro dos Patriarcas das Igrejas Ortodoxas
Orientais - Siríaca, Copta e Armênia não são
aceitos batismos das igrejas adventistas, mórmons e testemunhas
de Jeová. Para maiores detalhes veja neste site a tradução
da Ata do V Encontro.
O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
NA
IGREJA SIRÍACA ORTODOXA DE ANTIOQUIA
Mar Gregorios Youhanon Ibrahim
Bispo Metropolitano de Alepo e Cercanias - Síria
Tradução de Aniss Ibrahim Sowmy
Diácono Evangelista
1 - "NOMOCANON" - HUDOYO - é considerado uma das mais
importantes fontes de leis canônicas da Igreja Siríaca Ortodoxa
de Antioquia (ISOA) quando falamos de casamento. Mar Gregorios Youhanon
Bar Hebroyo (Bar Hebraeus +1286) compilou algumas regras que datam desde
os apóstolos além daquelas dos concílios ecumênicos
ou mesmo concílios regionais, locais ou ainda algumas regras dos
santos padres da Igreja. No Capítulo VIII Bar Hebroyo fala do sacramento
do matrimonio como "MKIRUTHO" isto é noivado, no entanto,
nos seis capítulos subseqüentes ele se refere ao sacramento
como matrimonio. Desta forma sabemos que o sacramento do matrimonio é
um dos sacramentos da Igreja ao menos no tempo de Bar Hebroyo.
Ao final deste texto listei algumas leis para dar uma idéia da
sua importância para aqueles que buscam este sacramento. Por exemplo,
tanto o noivo como a noiva deve confessar e comungar antes da cerimônia
nupcial.
O sacerdote deve aconselhar cada um dos membros do casal como viver virtuosamente
e abster-se das relações conjugais durante os dias prescritos
pela Igreja. O sacerdote deve alerta-los, também, a respeito da
desobediência dos mandamentos, pois este é um aspecto espiritual
importante deste sacramento.
Os santos padres da ISOA consideram o matrimonio um sacramento - ROZO
- instituído por Deus no Jardim do Éden como ensina o evangelista
Mateus baseado no livro do Gênesis (1: 28): "o que Deus uniu
ninguém tente separar" e "quando Deus os criou homem
e mulher e colocou-os juntos para viver em harmonia, Deus os abençoou
dizendo-lhes: frutificai, multiplicai e enchei a terra". Deus confirmou
seu trabalho depois do dilúvio quando disse a Noé e seus
filhos: "sede frutíferos, multiplicai e enchei a terra".(Gen.
9: 1-7). Isto no Velho Testamento.
Os santos padres da Igreja tomaram a presença de Cristo nas bodas
de Canaã da Galiléia como um claro sinal da benção
da Igreja ao sacramento do matrimônio (Jo. 2: 1-11). Este conceito
é confirmado quando o apóstolo Paulo fala em sua carta aos
efésios. A imagem da submissão da mulher ao homem torna-se
clara a partir da relação de Cristo com a Igreja. Paulo
diz: "assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também,
devem ser as esposas em tudo aos seus maridos" (Ef. 5: 24)
Os santos padres concordam que Deus criou a humanidade homem e mulher.
O homem representa Cristo e a mulher a Igreja. O amor de Cristo à
Igreja é a base e é um bom exemplo para o casamento. Os
santos padres apóiam São João Crisóstomo dizendo
que o amor que une o homem e a mulher num só corpo representa a
imagem da Santíssima Trindade - "quando um homem e uma mulher
são unidos pelo matrimonio não buscam mais coisas materiais.
Tornam-se ao invés na imagem do próprio Deus. O amor tem
uma característica muito especial uma vez que os amantes não
são mais duas entidades separadas, mas uma. Eles não estão
unidos, mas são um. O amor muda a essência das coisas".
Quanto ao objetivo do casamento não penso que a nossa Igreja difere
das demais. O primeiro objetivo e a base do casamento é o amor
conjugal que transmuta dois em um. Cada um dos esponsais busca e alcança
o seu exterior a fim de se completarem. Depois disso é que vem
o fato da propagação da raça humana citada no livro
do Gênesis (1: 27 - 28). No entanto, não é o nascimento
de uma criança que define o casamento. Muitas uniões matrimoniais
não produzem crianças. É por isso que a Igreja abençoa
os casamentos, cuja inteireza é o amor conjugal, mesmo que o casamento
por alguma razão não gere filhos. A Igreja, entretanto não
vê o casamento como legítimo se qualquer dos cônjuges
tem a intenção de persistir na recusa de ter filhos.
A Igreja leva também, em conta o que Paulo disse ao povo de Corinto:
"no que concerne às coisas que me escrevestes - é bom
ao homem tocar a mulher, mas por causa da imoralidade sexual cada homem
deve ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido.
O marido deve dar a sua esposa seus direitos conjugais e do mesmo modo
deve a esposa ao seu marido" (I Cor. 7: 1 -3). Também diz:
"aos solteiros e viúvas digo que é bom para eles permanecerem
solteiros como eu. Mas se não podem controlar-se devem casar, pois,
é melhor casar-se do que arder na chama da paixão"
(I Cor. 7: 8 - 9). Esta passagem considera o matrimônio um remédio
para a cobiça sexual e a abstinência do adultério.
2 - As leis canônicas pessoais da ISOA são baseadas nas
leis da Igreja que cuidam do sacramento do matrimonio. O sacramento do
matrimonio não é legítimo se não for realizado
por um sacerdote na presença do noivo e da noiva depois de terem
participado das orações habituais da Igreja. A declaração
do casal não é suficiente para legitimar o casamento. O
sacerdote deve registrar o acordo que é firmado (assinado) pelo
casal. O casamento ou cerimônia nupcial não pode ser realizado
durante a quaresma.
O acordo de casamento é nulo nos seguintes casos:
- Se um dos esponsais já estiver vinculado por acordo a outro casamento,
- Se um dos esponsais declarar-se falsamente cristão, ou...
- Se um dos dois tem condições congênitas que constituam
obstáculo ao casamento.
Existem semelhanças entre nossa Igreja e as outras Igrejas Cristãs
quando se fala de anulamento ou divórcio:
- Se um dos dois se converter para outra religião não cristã
ou não reconhecida como tal pela Igreja,
- Tornar-se irreparavelmente insano, ou...
- Tornar-se doente terminal, ou ainda...
- Houver conflito entre o casal que dure mais de três anos e apesar
da mediação da Igreja o conflito não seja resolvido.
Estas são algumas das principais causas pelas quais o casamento
pode ser anulado. O divórcio, no entanto, é permitido em
caso de adultério consoante o que Cristo diz: "também
é dito, que aquele que se divorciar da sua esposa deve dar-lhe
carta de divórcio. Mas eu vos digo aquele que divorcia da sua esposa,
exceto por causa da impudicícia incorre em adultério; e
mais ainda aquele que casa com uma mulher divorciada comete adultério"
(Mt. 5:31-32).
A qualquer custo as leis canônicas pessoais da Igreja insistem
que o matrimonio é um sacramento. A poligamia não é
permitida porque os dois deixarão o pai e mãe e viverão
um para o outro. O matrimônio é a união entre dois
e não mais que dois. Em caso de morte de um dos cônjuges
ou mesmo anulamento a Igreja não se manifesta contra um novo casamento.
3 - O Ritual da Cerimônia Nupcial usado na nossa Igreja foi estruturado
por São Tiago de Edessa (Mor Yacoub d´Urhoi +708) e contem
duas partes:
A primeira parte inicia-se com a afirmação pública
pelo noivo e pela noiva que estão se casando por sua livre e espontânea
vontade. Isto é exigido de acordo com os ensinamentos dos apóstolos;
também é declarado que no casamento não há
divórcio e cada um dos nubentes tem de responder "SIM"
em público; só então o ritual tem inicio com o sacerdote
proclamando: "Que o início da nossa alegria, inteireza e regozijo
seja em Deus"; ele segue com os salmos e cantos e a oração
para o casal para que a harmonia e a concordância estejam sempre
com eles. Depois de nova oração as alianças são
abençoadas com a seguinte oração:
"Ó Senhor Jesus Cristo, noivo da verdade e da justiça,
Vós firmastes aliança para Si entre a Igreja e os gentios
e com o vosso sangue redigistes o feito de dádiva e através
dos vossos cravos entregou-lha uma aliança. Assim como a aliança
da Santa Igreja foi abençoada; abençoa, Ó Senhor
estas alianças que agora entregamos ao vosso servo e no por vosso
meio. Esta é a aliança pela qual Sara se uniu a Abraão,
Rebeca a Isaac e Raquel a Jacó. Através desta aliança
todo o poder e autoridade no Egito foram entregue a José. Por esta
fiança foi entregue e tornou-se grande na presença do rei.
Com esta aliança o filho pródigo foi aceito. Com a verdade
desta aliança o justo obteve a vitória, e com sua fama os
mercadores tornaram-se ricos. Grande, portanto, é o penhor desta
aliança. Esta é a aliança que convida as raças
e as gerações aos noivados e às festas dos casamentos
e junta aqueles que estão distantes e as relações
mútuas se completam entre eles. Com esta aliança as mulheres
se noivam aos homens. Com esta aliança os noivos e as noivas se
unem em matrimonio. Abençoa meu Senhor estas alianças para
que se tornem o sinal e o selo do verdadeiro noivado da nossa filha espiritual
(fulana) com o nosso filho espiritual (fulano). Que eles recebam as bênçãos
celestiais e criem seus filhos e filhas virtuosas. Com a vossa graça
possam eles alcançar o cumprimento pleno da sua promessa. Rejubilem
e exultem, deixe-os oferecer exaltação e glória a
Vós agora e para sempre, Amem".
Depois desta oração o sacerdote diz: "sejam estas
alianças abençoadas e que sejam para o cumprimento da alegria
dos filhos da Santa Igreja. Abençoa meu Senhor em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo, Amem".
Em seguida o sacerdote entrega a aliança ao noivo enquanto recita
uma breve oração. Depois entrega a aliança à
noiva. Logo depois é a vez dos fiéis presentes ao casamento,
o sacerdote dirige-se a eles dizendo: "a vocês meus fiéis
irmãos que viestes tomar parte neste testemunho justificado por
Deus, que Ele vos garanta uma grande recompensa e vos conceda todas as
coisas sãs em todos os tempos. Que a Cruz de Nosso Senhor Jesus
Cristo vos guarde dia e noite de todo o mal e das suas hostes para sempre,
Amem".
A segunda parte da cerimônia começa com uma pequena oração,
cantos e salmos. Segue a leitura da carta de Paulo aos efésios
5: 22 - 33. Esta passagem deve ser lida por um diácono e dirigida
tanto aos homens como às mulheres enfatizando que o mesmo amor
que os une é igual ao amor de Cristo à Igreja. Ninguém
maltrata seu corpo, mas alimenta-o e dele cuida assim como Cristo cuida
da Igreja. Depois da carta de Paulo, o sacerdote lê o evangelho.
A tradição da nossa Igreja manda que se leia Mateus 19:
3 - 11, mas às vezes o sacerdote pode também ler a passagem
das bodas de Canaã, terminada a leitura do evangelho tem início
a benção das coroas ou grinaldas.
"Senhor que adornastes o firmamento com luminárias, o sol,
a lua e as estrelas, ó Senhor que coroastes a terra com frutos,
flores e florações de todas as espécies; Jesus Cristo
que coroastes reis, sacerdotes e profetas; ó clemente que outorgas
Seu triunfo aos seus adoradores quando retornam do seu combate para manter
a fé; Vós que coroastes o rei Davi com a coroa em volta
da terra; ó Bondoso que abençoastes o ano com a Sua graça,
estende Sua Mão Direita cheia de misericórdia e compaixão
sobre as cabeças que receberão estas coroas. Concedei-lhes
o feito de poder coroar seus filhos com virtude, justiça e alegria.
Que a vossa paz e concórdia estejam para todo e sempre em toda
a extensão das suas vidas, Amém".
Ao final o padre abençoa as coroas e as cabeças a serem
coroadas, em seguida toma das coroas e movimenta-as em forma de cruz sobre
as cabeças da noiva e do noivo cantando três vezes esta canção
alternando respostas a cada vez com o canto dos diáconos:
"A grinalda na mão do Senhor vem descendo do céu,
convém ao (a) noivo (a), é a coroa que o sacerdote (ou prelado)
põe sobre a cabeça do (a) noivo (a)".
Quando coroa o noivo diz:
"Que Deu te coroe com a coroa da virtude, glória e boas obras
para sempre!"
Quando coroa a noiva diz:
"Que Deus te coroe com a coroa da modéstia, virtude e justiça!"
O sacerdote entrega a noiva após uma curta oração
para o padrinho e a madrinha. O sacerdote normalmente dá os conselhos
finais ao noivo como, por exemplo:
"Querido filho (fulano) esta nossa filha (fulana) deixou seus pais
e irmãos, e, ela confia a si mesma a você casando-se contigo
e tornando-se sua esposa, portanto, cuida dela e cumpra tudo que se faz
necessário para sustenta-la, preocupe-se com a sua alimentação,
bebida, vestuário e na manutenção do lar, cuida e
protege-a, em tudo sê justo com ela, trate-a com carinho, lida com
ela de forma agradável e esteja sempre pronta para fazer-lhe o
bem".
Do mesmo modo o padre fala à noiva:
"Querida filha (fulana) nós te exortamos obedecer ao teu
marido e sê fiel a ele, sê gentil com ele como a pomba é
com o pombo em devoção".
Quando o padre entrega a noiva ao noivo colando a mão da noiva
na mão do noivo diz:
"Queridos filhos temos um hábito herdado dos nossos santos
padres que vos surpreenderá e vos tornará aplicados. Saibam
que vocês estão perfilados na presença de Deus que
examina a intimidade dos teus corações diante do santo altar,
da cruz, do adorado evangelho e na presença desta assembléia.
De agora em diante confiamos um ao outro e vos declaramos marido e mulher.
Deus, Ele mesmo está entre vocês e eu. Sou inocente dos vossos
erros".
Considera ó filho que esta tua esposa cuja mão colocamos
nas suas, e que confiamos a Deus e a você, segura-a diligentemente,
lembra que terás de responder por ela na presença de Deus
no dia do Juízo Final!"
Senhor Deus proteja os seus servos sob as asas da vossa misericórdia
e abrigai-os, tornai suas vidas prósperas e seus dias felizes,
que a vossa destra os guie e que eles vos exaltem cantando incessantemente.
Amem."
Em alguns locais costuma-se cantar o trisagon depois desta oração,
em seguida removem-se as coroas enquanto é recitada a oração
especial, neste momento o padre abençoa o casal lembrando-os a
benção de Deus a Abraão e Eva, Noé e Xia,
Abrão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó e Raquel, José
e Asiat e o rei e salmista Davi. O sacerdote encerra com esta súplica:
"Tornai Senhor este abençoado casal êmulo de grandes
trabalhos virtuosos, deixando de lado estas coroas temporárias
tornai-os dignos ó Senhor de estar entre os vossos convidados na
Ceia Celestiais e dignos das coroas eternas e imperecíveis, pois,
com elas eles poderão vos exultar e glorificar e ao vosso Pai e
ao vosso Espírito Santo agora e para sempre, Amém".
Em resumo existem certas condições para este sacramento.
O primeiro elemento deste sacramento é o consentimento mútuo
de que vão manter a promessa marital até que a morte os
separe; segundo, a imagem deste sacramento é a benção
recitada duas vezes pelo sacerdote, inicialmente abençoa as alianças
e depois abençoa as coroas ou grinaldas, esta parte mostra a participação
do Espírito Santo no sacramento.
O sacramento do matrimonio é também conhecido em aramaico
ou siríaco de "KLILO" referindo-se às coroas colocadas
sobre as cabeças do casal, isto simboliza que um pertence ao outro.
O celebrante do casamento é o padre, ninguém pode substituir
o sacerdote por isso a Igreja não reconhece uniões fora
dela.
ANEXO II
Cânones e instruções do NOMOCANONO (HUDOYO) e outros
cânones eclesiásticos em uso na Igreja Siríaca Ortodoxa
de Antioquia no livro da Solene Ordem do Sacramento do Matrimonio segundo
o rito antigo da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia.
1 - Quando se tornou necessário a todos o reconhecimento do matrimonio
como uma instituição honrada buscando preservar a vida humana,
foi considerado apropriado que o casamento devia ter início na
puberdade nominalmente na idade indicada pelos cânones da Igreja
quando o casal alcançou maturidade tanto física quanto mental.
Além disso, o casamento só deve ocorrer quando o casal é
capaz de exercer o livre arbítrio e compreender suas obrigações
naturais da vida matrimonial. Mesmo assim no tempo de noivado, o noivo
deve ter no mínimo dezesseis anos e a noiva no mínimo doze
anos, e, embora na cerimônia de casamento o noivo deva estar com
dezoito anos e a noiva catorze, é preferível e mais adequado
que a noiva tenha no mínimo dezesseis anos de idade. Hoje é
exigido a aprovação ou consentimento dos pais nos casos
em que o noivo ou a noiva é considerado menor de idade pelas leis
do país onde vivem.
2 - Antes da cerimônia de noivado o sacerdote deve investigar e
estar certo que:
a-) tanto a noiva como seu pretendente não estão compromissados
com outra pessoa.
b-) que a noiva não é divorciada e o seu pretendente não
tenha restrição legal.
c-) que nenhum relacionamento consangüíneo, tutela ou relação
conjugal une o casal pelos cânones da Igreja.
d-) que as duas parte são saudáveis, livres de doenças
contagiosas e deformações proibitivas segundo as leis seculares,
e, estão de acordo em conseguir um documento expresso consoante
as leis civis de uma autoridade médica.
e-) que a cerimônia nupcial não seja realizada em dia proibido
pela Igreja.
3 - O sacerdote não celebrará o noivado e a cerimônia
de casamento se não tiver absoluta certeza que o casal deseja a
união por sua livre e espontânea vontade sem nenhuma pressão.
Ele, sacerdote, deve questionar a noiva sobre o assunto, e, não
deverá de forma alguma se satisfazer com a resposta dos pais ou
parentes.
4 - As duas testemunhas do casamento devem ser maduras, pias, fiéis
ortodoxas e não devem ser parentes do noivo ou da noiva.
5 - É recomendável observar um período razoável
entre o noivado e o casamento possibilitando ao casal o conhecimento mútuo
a fim de entrar na santa instituição do matrimônio
sem proibições.
6 - O sacerdote não celebrará cerimônia de casamento
sem primeiro obter uma permissão expressa do bispo da diocese ou
seu representante.
7 - Uma noiva cristã, mas não ortodoxa pode casar-se com
uma permissão do bispo ou seu representante permitindo-lhe seguir
a Igreja do noivo.
8 - Tanto o noivo quanto a noiva devem confessar e comungar antes da cerimônia
de núpcias.
9 - A cerimônia nupcial deve ter lugar na Igreja e só se
por absoluta necessidade tenha de ser realizada em casa.
10 - Durante a cerimônia o sacerdote colocará as coroas
ou grinaldas sobre as cabeças dos nubentes.
11 - Só o sacerdote, pároco responsável, tem o direito
de realizar a cerimônia nupcial. Outros padres poderão realizar
a mesma cerimônia com permissão especial do bispo da diocese
ou a convite do pároco.
12 - O sacerdote casado não deverá realizar a cerimônia
de núpcias da própria filha exceção feita
à impossibilidade da presença de outro sacerdote, ele pode
atuar como representante da filha no casamento, mas não pode ser
testemunha, isto é padrinho.
13 - Durante a cerimônia de núpcias a noiva estará
à direita do noivo e a madrinha da noiva à direita da noiva
portando uma vela acesa na mão direita. O padrinho estará
à esquerda do noivo com uma cruz na mão direita.
14 - A cerimônia de casamento de um viúvo só poderá
ocorrer no mínimo quarenta dias após a morte da esposa e
o casamento da viúva só será realizado dez meses
após a morte do marido.
15 - A cerimônia de viúvos e viúvas consiste num
rito especial não incluindo a benção das alianças
e coroas. Se a cerimônia for o primeiro casamento tanto do noivo
como da noiva, só ele ou ela receberá a benção
das alianças e coroas.
16 - Logo depois da cerimônia nupcial o sacerdote registrará
a data do casamento no Livro de Registro de Casamentos da Igreja com os
nomes completos do casal nubente, os nomes do padrinho e da madrinha.
Ele, sacerdote, deverá registrar o próprio nome no registro
do ato e se o bispo concedeu permissão especial de qualquer teor
para a realização do casamento, também, deve ser
registrada no livro. Uma cópia deste registro, ou seja, a Certidão
de Casamento deve ser imediatamente entregue ao casal assinado pelo sacerdote
ou prelado que oficiou o sacramento.
As leis pessoais dos cânones
Capítulo VI
DO MATRIMÔNIO
Art. 18:
O casamento só é legal quando celebrado por um sacerdote
autorizado para esta finalidade pelo arcebispo da arquidiocese ou por
seu representante quando o arcebispo está ausente e só depois
de ele estar absolutamente certo que o casal está desejoso e concorda
em casar-se e que estão em condições de cumprir as
demais condições abaixo.
Art. 19:
Uma autorização é emitida pelo arcebispo da arquidiocese
ou por seu representante legal na ausência deste com base no requerimento
do sacerdote, pároco, do casal que busca se unir em matrimonio.
O pároco é responsável por qualquer violação
encontrada no requerimento da permissão para a realização
do casamento.
Art. 20:
A cerimônia nupcial é pública e é presenciada
pelo casal nupcial depois de perfazer todas as exigências eclesiásticas
normais como a confissão e a comunhão. O sacerdote abençoa
os dois anéis e as coroas na presença de no mínimo
duas testemunhas além do padrinho e da madrinha, mesmo que no casal
um dos dois seja viúvo.
Art. 21:
Só a declaração do casal não é prova
suficiente de união matrimonial, deve ser fornecida uma certidão
emitida pelo sacerdote que abençoou a união.
Art. 22:
O casal nubente ou uma das partes deve ser siríaco ortodoxo.
Art. 23:
Se uma pessoa busca casar alguém em outra arquidiocese ou é
de um país estranho, deve obter uma certidão da sua autoridade
espiritual Mais ainda se uma das partes do casal não é siríaco
ortodoxo, então este deverá:
1 - apresentar uma certidão do seu líder espiritual afirmando
que ele não é noivo ou casado, e, na impossibilidade deve
apresentar uma testemunha honesta.
2 - declarar expressamente que busca filiar-se à Igreja Siríaca
Ortodoxa prometendo obedecer a suas estatísticas e regulamentos
estabelecidos pelos seus princípios religiosos e civis, e, então
será aceito na Igreja.
Art. 24:
O casamento não deve ser celebrado nos dias de Quaresma.
Art. 25:
Não é permitido contestar ou revogar um contrato de casamento
exceto pelas razões indicadas no capítulo de Anulamento
do Casamento.
Art. 26:
Se um casal que pertencia a outra denominação cristã
unir-se à Igreja Siríaca Ortodoxa, qualquer desentendimento
entre ele deve voltar-se para a corte eclesiástica da denominação
que realizou o matrimônio. No entanto, se ambas as pessoas casadas
uniram-se à Igreja Siríaca Ortodoxa, terão, após
um ano de se submeter às regras da corte da Igreja com consideração
para as leis locais.
Art. 27:
Se num casal, uma das partes se converte a outra denominação
ou religião, esta conversão não se aplica sobre a
outra parte que permanecerá só sob a jurisdição
e leis matrimoniais, obrigações e pertinências da
Igreja Siríaca Ortodoxa.
|