Não
satisfeito com isso, outorgou a Lei Áurea de como a humanidade
deve proceder no companheirismo humano dizendo: E assim tudo o que
vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também
vós a eles. (Mt. 7: 12)
Quando
uma pessoa é liberta do egoísmo, ama o Senhor de todo o
seu coração e com toda a sua vontade, e, ama o seu próximo
como a si mesmo; ela será capaz de cumprir o mandamento do Senhor
e alcançar a perfeição cristã cumprindo o
mandamento do Senhor que diz: Amai a vossos inimigos, fazei bem
aos que vos têm ódio: e orai pelo que vos perseguem e caluniam
para serdes chamados filhos de vosso Pai, que está nos céus.
(Mt. 5: 44-45) O Pai Celestial prova o seu amor por nós:
porque ainda quando éramos pecadores em seu tempo, morreu Cristo
por nós. (Rom. 5: 8) Isto é sacrifício amoroso
que não faz exigências para si mas para os outros. Um amor
que quebra as barreiras raciais e destrói as divisões sectárias
entre a humanidade e ensina os povos a fraternidade mútua: Porque
assim amou Deus ao mundo, que lhe deu seu Filho unigênito: para
que todo o que crê nele, não pereça, mas tenha a vida
eterna. (Jo. 3:16)
A
morte de Cristo na cruz foi necessária para a salvação
da humanidade, como cita o credo niceno: que para nós homens,
e, para a nossa salvação desceu do céu e encarnou-se
do Espírito Santo e da Virgem Maria, Mãe de Deus. Tornou-se
homem, foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilato, padeceu, morreu
e foi sepultado, e, ao terceiro dia ressuscitou. O apóstolo
Paulo diz sobre este assunto: O qual foi entregue por nossos pecados,
e ressuscitou para nossa justificação. (Rom. 4: 25)
O
Senhor Cristo, na sua morte foi um substituto: Ele morreu ao invés
da humanidade, e, a sua morte foi necessária para a redenção
desta humanidade com a justiça de Deus para reconciliar entre a
Sua justiça e a Sua misericórdia. Isto foi feito propositadamente,
por Sua própria vontade e desejo do Seu Pai Celestial. Enquanto
Ele era o Deus encarnado, livre de todo pecado, infalível, Ele
tomou o lugar da humanidade pecadora e suportou por Sua vontade todo o
sofrimento no lugar dela (humanidade).
Ele
morreu na cruz para fazer a paz com nosso Pai Celestial como diz Paulo
o apóstolo: Aquele que não havia conhecido o pecado o fez
pecado por nós, para que nós fossemos feitos justiça
de Deus nEle. (II Cor. 5: 21) Cristo nos remiu da maldição
da lei, feito Ele mesmo maldição por nós. (Gal 3:
13) E o apóstolo Pedro diz: O qual foi o mesmo que
levou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro: para que mortos
nos pecados, vivamos à justiça: por cujas chagas fostes
vós sarados. (I Pe. 2: 24)
Jesus
poderia ter se livrado das mãos dos seus inimigos os judeus e os
romanos. Mas foi determinado que Ele beberia daquele cálice da
morte para salvar a humanidade como Ele próprio disse: O
filho do Homem veio para servir e não para ser servido, para sacrificar-se
pela redenção de muitos. Sim, Cristo morreu e o
seu último ato foi a tragédia no Golgota que terminou na
sexta feira ao entardecer quando ele entregou seu espírito nas
mãos do seu Pai Celeste e foi lancetado no flanco por uma lança
e dele jorrou água e sangue. Seus inimigos estavam certos da sua
morte. Com a permissão de Pilato o governador, José de Arimatéia
e Nicodemo desceram seu corpo puro da cruz, untaram-no com incenso e aromas
envolvendo-o em linho. Enterraram-no num túmulo novo escavado na
rocha. Uma pedra cerrava a entrada do túmulo. Por ordem de Pilato,
atendendo o pedido do sumo sacerdote dos judeus, o túmulo foi lacrado
com os selos da autoridade romana. Soldados foram postos para guardá-lo
porque depois de seus inimigos matarem-no fisicamente, lembraram-se do
que dissera: Eu hei de ressurgir depois de três dias...Eles
porem, retirando-se, trabalharam por ficar seguro o sepulcro, selando
a campa e pondo-lhe guardas. (Mt. 27: 63, 66).
Sim,
Cristo morreu na cruz e foi sepultado num túmulo novo. Ele morreu:
aquele que fez um azorrague com as cordas e expulsou os vendilhões
do templo do Senhor. Os judeus perguntaram-lhe: Que milagre nos
faz tu, para mostrares que tens autoridade para fazeres estas coisas?
Respondeu-lhes Jesus; Destruí este templo, e eu o levantarei em
três dias. Replicaram logo os judeus: Em se edificar este templo
gastarem-se quarenta e seis anos, e tu hás de levantá-lo
em três dias? Mas Ele falava do seu corpo. Assim que depois que
Ele ressurgiu dos mortos, se lembraram seus discípulos do que Ele
dissera, e creram na Escritura, e nas palavras que Jesus tinha dito. (Jo.
2: 18-22)
Na
madrugada do domingo, as mulheres vieram ao túmulo para ungir o
seu corpo de acordo com a tradição quando viram a pedra
grande rolada para o lado da porta. Encontraram o sudário dobrado
não demonstrando pressa, ansiedade, medo ou alarde. Dentro do sepulcro
viram um anjo que lhes disse: Não tenhais pavor, vós
buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já
não está aqui; eis o lugar onde o depositaram. (Mc. 16:
6).
O
Redentor levantou-se dos mortos e saiu do sepulcro apesar da existência
da pedra grande à porta. Sua luz divina ofuscante espalhou-se em
todo o lugar quando o anjo veio e rolou para fora a pedra da porta do
túmulo para que as mulheres e os discípulos pudessem ver
o sepulcro vazio. Um terremoto amedrontou os guardas que caíram
sobre suas faces e ficaram como que mortos. Eles correram para a cidade
a fim de informar seus mestres que Cristo tinha ressuscitado. Mas os chefes
dos sacerdotes judeus endureceram seus corações e perderam
a oportunidade áurea de se arrependerem e voltarem-se para Deus
crendo em Jesus o esperado Messias, ao contrário, subornaram os
guardas com prata para que ficassem quietos e emudeceram suas línguas
para que não falassem a verdade: aquele que silencia a verdade
é um diabo mudo (provérbio oriental). Assim mudaram para
um falso testemunho. Tenham piedade deles no dia do juízo final.
A
verdade da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é
clara como o sol do meio dia. Podemos tapar o sol com uma peneira? Cristo
ressuscitou! Em verdade ressuscitou! O que o profeta Davi disse foi cumprido:
Não abandonareis a minha alma no Sheol, nem permitireis que o vosso
santo veja a corrupção. (Sl 15: 10 e At 2: 27).
Sim Cristo levantou-se dos mortos e apareceu aos seus discípulos
várias vezes em muitos lugares. Numa destas vezes apareceu para
mais de quinhentas pessoas. Elas viram-nO com seus olhos, tocaram-nO com
suas mãos, escutaram-nO com seus ouvidos, comeram e beberam com
Ele, e Ele por sua vez, comeu e bebeu com todos eles.
No
dia da ressurreição apareceu para Maria Madalena, a mulher,
para Pedro e para os dois discípulos que estavam viajando para
Emaus. No entardecer daquele dia, quando os discípulos estavam
reunidos no Quarto Superior** com medo dos judeus, trancaram-se e estavam
certos de estarem trancafiados. Seus corações estavam ansiosos
e cansados; suas almas estavam transtornadas e amedrontadas. Jesus apareceu
no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco (Jo. 20: 19)
pensaram que fosse um fantasma, mostrou-lhes as mãos, os
pés e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos de terem
visto o Senhor. (Jo. 20: 19 - 20). A alegria deles aumentou com
a Sua expressão de paz. Ele quis dizer cada palavra...
Esta
paz foi a melhor coisa que o Senhor Jesus deixou para os seus seguidores.
É a tranqüilidade do coração, a paz da consciência,
a esperança que não falha e a felicidade da esperança.
Não importa quão forte ou violenta seja a tempestade, as
nuvens negras espessas e os raios assustadores ou desesperadores: planamos
na atmosfera do Espírito e nossas almas estão alegres, pois
o cuidado de Deus nos envolve e Seu olho vigilante nos protege.
Sua
promessa divina traz paz aos nossos corações. Ele disse:
E até os mesmos cabelos da vossa cabeça todos eles
estão contados. (Mt. 10: 30) A base da sua paz é
a reconciliação com Deus, e este era o principal objetivo
da encarnação do Redentor. Os céus declararam esta
expressão de paz quando o anjo Gabriel trouxe a boa nova à
Virgem Maria quando da sua gravidez de Jesus. Os anjos também cantaram
a música da paz no dia do nascimento do Redentor dizendo: Glória
a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa
vontade! (Lc. 2:14) Antes da sua paixão o Senhor confortou
os discípulos atribulados com expressões de paz dizendo:
A paz vos deixo, a minha paz vos dou, e eu não vo-la dou
como a dá o mundo. (Jo. 14: 27) Agora após a sua
ressurreição ele deu a paz aos seus discípulos para
que seus corações se rejubilassem porque viram o Senhor.
Em
verdade hoje estamos necessitados, meus amados, da paz de Cristo Nosso
Senhor: a paz alicerçada na Sua gloriosa ressurreição
dos mortos. Isto porque a Sua ressurreição é a nossa
garantia duradoura da s promessas do Senhor feitas ao mundo. Sua ressurreição
alivia o modo de vida e nos prova que a verdade da Sua divina promessa
que anunciou dizendo: Eu sou a ressurreição e a vida.
O que crê em mim, ainda que esteja morto viverá. E todo o
que vive e crê em mim, não morrerá eternamente. (jo.
11: 25-26).
Assim
como há três tipos de morte - a morte moral, a morte natural
e a morte eterna; assim, também existem três tipos de vida
em Cristo - a vida moral, a vida natural e a vida eterna. Cristo através
da Sua ressurreição dos mortos confirmou: nós
que fomos sepultados com ele para morrer ao pecado pelo batismo: para
que como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim
também nós andemos em novidade de vida. (Rom. 6: 4)
Pois o apóstolo Paulo nos elucida que esta vida é uma vida
moral, uma vida de virtude, pureza , justiça e santidade: Mas
a nossa conversão está nos céus; donde também
esperamos ao Salvador Nosso Senhor Jesus Cristo. (Fil. 3: 20)
Com Cristo somos vitoriosos sobre a morte natural e com ele temos o direito
de dizer: Onde está ó morte a sua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (I Cor. 15: 55
- Os. 13: 14) A ressurreição de Cristo dos mortos
aboliu o poder da morte e garantiu à humanidade superioridade e
vitória por encher os corações de esperança
que não falha, provando que a morte natural não é
o fim da nossa vida. Existe vida depois da morte e nós através
da morte natural seremos transportados da transitoriedade da vida limitada
para a imortal, isto é a vida eterna; e dos sofrimentos e da miséria
para a alegria e felicidade. Neste caso Paulo diz: Se nesta vida
tão somente esperamos em Cristo, somos os mais infelizes de todos
os homens. Mas agora ressuscitou Cristo dentre os mortos, sendo Ele as
primícias dos que dormem. (I Cor. 15: 19-20)
As
primícias*** foram apresentadas ao Senhor por serem consideradas
as promessas da colheita de boa qualidade porvir. A ressurreição
de Cristo mostra-nos que o levantar dos nossos corpos será como
a força de Cristo no último dia como ensina o apostolo Paulo:
O qual transformará o nosso corpo abatido, para fazer conforme
ao seu corpo glorioso (Fil. 3: 21; I Jo. 3: 2) Isto é à
semelhança do seu corpo quando transfigurado no monte Hermon****
diante dos seus três discípulos, e, que era a forma do Seu
corpo depois da Sua ressurreição dos mortos.
Depois
desta ressurreição Cristo não mais morreu nem nunca
mais morrerá. Ao contrário, vive eternamente e dá
vida aos mortos através da mediação da sua Santa
Igreja que é o Seu Corpo Sacramental e está viva nEle. Seu
efeito no mundo durante todo este tempo prova que Ele está vivo
como prometeu estar - conosco até o fim dos tempos. Sua Igreja
está firme sobre a rocha da fé nEle, e, as portas do inferno
não prevalecerão contra ela. Seus alicerces não tremerão
não importa quão cruel sejam os tempos contra ela.
Cristo
está com cada crente fiel e prometeu dizendo: Porque onde se acham
dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no
meio deles. (Mt. 18: 20) Os discípulos do Senhor sabiam
que não haveria ressurreição sem a morte e não
haveria coroa de glória sem a coroa de espinhos. Portanto, quando
aceitaram o Cristo crucificado como seu próprio Salvador, eles
crucificaram-se a si mesmos em vida para viver não para si, mas
para Cristo que vive neles, como ensina o apóstolo Paulo. Se eles
estão mortos no pecado como Saulo de Tarso eles serão confirmados
em Cristo como vasos escolhidos como o apostolo Paulo. A maioria dos santos
no céu eram pecadores e cegos: tinham seus olhos, mas não
viam. Mas, eles creram em Cristo o Salvador do mundo, e as escamas que
cobriam seus olhos caíram. Seus olhos se abriram e viram a Luz
de Cristo ressuscitado dos mortos, creram nele e assim ganharam a graça
da justificação e da santidade, renovação
e adoção. Tornaram-se filhos de Deus pela graça herdada
do Seu Reino Celeste.
Vamos
nos levantar com Cristo, meus amados, e vê-lo claramente dizendo:
Olhai para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo.
(Lc. 24: 39) Ele é o Salvador que nos amou e que padeceu
com suas chagas por nós; e nós - o que lhe demos?...
Vamos
examinar nossas mãos e nossos pés. Nossas mãos têm
praticado atos de bondade de caridade? Nossos pés têm trilhado
o caminho da justiça e da integridade?
Vamos
ouvir e ficar atentos e ouviremos o Senhor dizendo-nos: Paz seja
convosco! E nossos corações se encherão de
amor por Deus e para o próximo e estaremos em paz com Deus, conosco
mesmo e com o nosso próximo.
Quando
chegar o tempo para deixar esta existência vã, nossas almas
estarão tranqüilas e nossos desejos estarão inflamados
voltados para Cristo como disse o apóstolo Paulo: tendo desejo
de ser desatado da carne, e estar com Cristo, que é sem comparação
muito melhor. (Fil. 1: 23) e não há dúvida que
o Senhor prometeu seus discípulos dizendo: E depois que eu
for, e vos preparar o lugar...para que onde eu estou estejais vós
também. (Jo. 14: 3).
Que
o Senhor Deus nos torne merecedores de celebrar esta festa da Santa Ressurreição
com alegria e felicidade. Quando o tempo de partir para junto dele chegar
e nós caminharmos no vale das sombras da morte, não temeremos
o mal porque Ele está conosco aliviando a distancia para nós
com a Sua Luz. Para assim descansarmos em paz porque nossos olhos viram
a salvação como Simão o Velho. Quando chegar a hora
da qual o Senhor falou, todos estes que estão nos túmulos
ouvirão a Sua voz e aqueles que obraram a verdade sairão
para a ressurreição da vida enquanto que aqueles que obraram
o mal seguirão para a ressurreição do julgamento.
Que o Senhor nos torne dignos de levantarmo-nos para a ressurreição
da vida para reinar com Ele para sempre a fim de celebrarmos a Festa da
Ressurreição daquela alegria interminável, através
da Sua graça. Amem.
*Livro que agrega vários sermões de diversos santos padres,
patriarcas, etc...
** Quarto Superior - é na casa de Maria, mãe de Marcos,
fica no nosso Mosteiro de São Marcos em Jerusalém e existe
até hoje.
*** primícias - referem-se às primeiras frutas que eram
ofertadas a Deus segundo a tradição bíblica.
**** Hermon ou Tabor
Tradução
de:
Aniss Ibrahim Sowmy
Diácono Evangelista
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